Uma pesquisa conduzida por cientistas do Instituto Butantan desenvolveram uma proteína capaz de antecipar o diagnóstico de leptospirose e, assim, aumentar a eficácia do tratamento.
Segundo dados divulgados pelo órgão, a tecnologia detectou a doença e em 75% dos pacientes que haviam recebido resultados falsos negativos nos primeiros dias de sintoma com o método convencional. Os números sobem para 82% das amostras na fase de recuperação.
O estudo, publicado na revista Tropical Medicine and Infectious Disease, criou um teste que usa uma proteína construída de forma sintética composta por fragmentos das 10 principais proteínas de superfície da bactéria que causa a doença, a Leptospira. Saiba como prevenir doenças associadas às chuvas e enchentes.
No diagnóstico convencional, chamado de MAT, o soro do paciente é colocado em contato com Leptospiras vivas que se aglutinam na presença de anticorpos [resultado positivo]. O problema é que demora mais de 10 dias para o indivíduo produzir esses anticorpos aglutinantes, dificultando a identificação precoce da doença”, explica o pesquisador Luis Guilherme Virgílio Fernandes, que tem doutorado e pós-doutorado pelo Butantan.
A pesquisa mostra ainda que o novo método de diagnóstico alcançou 99% de especificidade, isto é, quase não apresenta reação cruzada com outras doenças e reage apenas aos anticorpos contra a leptospirose.
Ana Lucia Tabet Oller Nascimento, do Laboratório de Desenvolvimento de Vacinas do Butantan, explica que esse avanço pode ajudar a tratar a doença mais cedo e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. O próximo passo é desenvolver um teste rápido disponível em farmácias que possa ser feito por meio de urina ou sangue coletados.
“Vale ressaltar que o teste padrão possui cunho epidemiológico importante e deverá continuar sendo aplicado. Isso porque ele contém culturas de bactérias Leptospira de diferentes sorotipos, ajudando a identificar qual tipo está em maior circulação ou causando epidemias. As Leptospiras patogênicas [que causam doença] possuem mais de 200 sorotipos”, esclarece a pesquisadora Ana Lucia.
AgoraRN