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Percentual de inadimplentes no país é de 29,5%. Foto: Getty Images
Imagem ilustrativa - Foto: Reprodução

O mês de janeiro pode ser um período de readaptação para muitas pessoas, especialmente quando se fala sobre as despesas que marcam o início do ano. Gastos com escolas e material escolar, renovação de planos de saúde e aumento de impostos são apenas alguns dos custos presentes nos primeiros meses do ano.

A equipe do AGORA RN buscou conversar com potiguares que administram as próprias contas para saber o que eles têm feito para equilibrar as despesas neste início de 2024.

José Edivaldo, autônomo e marceneiro

Jose Edivaldo
José Edivaldo é MEI: “Já não estava bem ano passado” – Foto: José Aldenir/Agora RN

“A nossa situação financeira, que diz respeito à nossa empresa, já que nós somos MEI (microempreendedor individual), ela não está tão bem com relação aos impostos, já não estava bem ano passado, mas nesse início de ano nós tivemos um diferencial, sentimos aqui. Pelo menos nos fornecedores com quem a gente compra o material, a gente sente que tem um problema e eles narram para a gente também esse problema, que geralmente no início de ano é difícil, só que agora veio com um agravante porque a procura hoje não está tão grande, como falam os fornecedores. Consequentemente, os nossos clientes também não estão nos procurando. Tem muitos clientes que pedem orçamento, mas não estão aprovando [o orçamento], seguram um pouquinho. E a gente sabe que vai ter aumento da matéria-prima, porque os nossos fornecedores já falaram para a gente, no pós-carnaval com certeza vai ter aumento de material. Então, eu já estou avisando para os clientes que é bom que fechem a compra logo. Eu estou tentando fechar esses contratos o quanto antes para que não tenha aumento de material porque será bom para mim, e será bom também para o nosso cliente. O que nós estamos fazendo aqui é correndo atrás, a gente está pedindo indicações. Até em dia de domingo, que a gente não trabalha, a gente está indo trabalhar. O que estamos fazendo agora são situações que a gente não fazia antes na empresa, por exemplo, alguns planos de corte, que são serviços pequenos. É um serviço rápido, mas de pouco em pouco vai juntando aquele montante e dá um valor até bom, um valor regular que dá para ajudar nas contas”.

Joelma Cabral, analista de documentação

Joelma Silva
Joelma Cabral: “Com o salário fica difícil controlar gastos” – Foto: José Aldenir/Agora RN

“Está difícil. Com o salário acaba ficando difícil controlar os gastos. Eu, por exemplo, eu recebo do trabalho um vale alimentação, mas às vezes ele não dá para fazer uma feira completa, não dá nem para comprar duas cestas básicas. Eu falo, tem o IPTU, tem os impostos… Tem o condomínio, e claro, não é ‘de rico’. Fica difícil e olhe que é só eu e minha filha, só duas pessoas. Imagine se fosse mais”

Franklin Fonseca, produtor de mídias

Franklin Fonseca
Franklin Fonseca: “é uma simplificação que nunca simplifica” – Foto: José Aldenir/Agora RN

“A alta de impostos é tradicional no Brasil, sempre tem, todo ano tem impostos novos chegando, é uma simplificação que nunca simplifica. Sempre a gente está sobrecarregado com essa nova situação. O que a gente está fazendo? Dependendo do que a gente ganha, tenta administrar tudo isso aí. E aí isso vai dar encontro a: se você tem um cartão de crédito, passa a usar esse limite para sanar algum débito, e claro, cortar os seus próprios orçamentos, fazer uma contenção de despesas, tem que realmente tomar limitadamente aquela ‘água’ e não tomar toda de uma vez, porque senão você vai ter problema lá na frente.Então é preciso saber driblar o quadro. O brasileiro é difícil [de ser organizado financeiramente]. Eu não me considero, se eu tenho crédito, eu uso crédito, porque se eu tenho um cartão de crédito e tenho limite é para eu usar, e geralmente eu estou precisando, então eu uso, eu parcelo. Mas aquilo ali é uma armadilha [se referindo às contas com muitas parcelas]. O que eu faço é: eu parcelo em duas vezes só, mesmo que eu tenha um juros maior, por exemplo, se eu pagar 70 reais de juros, mas eu consigo me administrar para o outro mês e aí eu quito. Porque se eu vou colocar [o parcelamento] em 24 meses, como é sugerido, aí o acúmulo fica monstruoso, eu não faço isso”.

Edvaldo Gomes, autônomo e metalúrgico

Edvaldo Gomes
Edvaldo Gomes: “Está difícil para a gente que é autônomo” – Foto: José Aldenir/Agora RN

“Está sendo difícil para a gente que é autônomo, trabalhar, pagar aluguel com os impostos e os encargos altíssimos. O ISS é altíssimo, fora o aumento de materiais que está constante. A gente vai fazer um trabalho com cliente, aí pede um valor [pelo serviço] e o cliente acha abusivo, pensando que a gente está subindo o valor, mas não é isso, são os encargos e os impostos que o governo aumentou. E está muito difícil para a gente trabalhar como autônomo, muita dificuldade principalmente para contratar pessoas e mão de obra. Aqui na oficina é meu pai e meu filho, a gente está se ajudando aqui para viver. E tem gasolina, emplacamento de carro, seguro, que a gente tem que pagar um seguro do automóvel, porque nós não estamos seguros na cidade, se não pagar a gente pode perder o carro por assalto. Até a nossa própria empresa, tem que colocar uma segurança eletrônica porque a cidade está vulnerável. Fica tudo escuro, pagamos a iluminação pública, a gente paga os encargos, mas o retorno não vem pra nós. Para a gente procurar sobreviver com um pouco que nós estamos ganhando é só pela fé. A gente vai na ponta do lápis, paga uma coisa aqui, já deixa para pagar outra mais na frente e assim vai, vivendo conforme o que dá”.

Economista cita dicas para prevenir gastos excessivos no início de 2024

De acordo com o economista William Eufrásio, o começo de um novo ano é especialmente complexo para famílias, que precisam lidar com uma série de gastos com escola e material escolar, além de planos de saúde. Ele ressalta que, entre as dicas para equilibrar as contas, a principal é ter cuidado com o parcelamento.

“Primeiro, ter muito cuidado com os processos de parcelamento. Aproveita o 13º salário e as férias para pagar as dívidas, principalmente aquelas que têm taxas de juros muito altas. E segundo, realizar algumas compras necessárias para o início do ano. Evite parcelamentos muito prolongados. Procure pechinchar, regatear e pesquisar os preços”, afirmou.

Ele evidencia um cuidado especial para quem compra material escolar e informa que o mais interessante é pesquisar os preços destes produtos. “O que os pais devem fazer é procurar produtos que não tenham aquelas marcas famosas. Então, preços de caderno, por exemplo, podem oscilar de pouco mais de 10 reais até 80 reais. A ideia é procurar colocar os seus gastos dentro daquilo que você recebe, ou seja, dentro do seu salário”, disse.

O economista chama atenção para a procura de um material escolar mais barato, mas que tenha a qualidade necessária para que tenha uma duração de um ano inteiro. Segundo ele, uma dica importante para a aquisição destes materiais é comprar em conjunto com outras famílias, pois quanto maior o volume da compra, maior a possibilidade de negociar o preço.

“Todo cidadão deve buscar negociar seus contratos, sejam contratos de internet, de TV a cabo ou de revista, e procurando exatamente reduzir os custos sobre o salário do trabalhador. A gente sabe que existe uma inflação e que o trabalhador precisa adequar suas despesas ao seu nível salarial, então evite muitas prestações, isso sempre cria um problema nos meses seguintes”, completou.

AgoraRN

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