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Tribunal Superior Eleitoral já discute regulamentação das inteligências artificiais para eleições de outubro deste ano
Tribunal Superior Eleitoral já discute regulamentação das inteligências artificiais para eleições de outubro deste ano

Em ano eleitoral, um outro tema ligado às eleições 2024 ganha notoriedade e vez no Tribunal Superior Eleitoral (TSE): o uso de inteligências artificiais. Prestes a serem regulamentadas pela corte máxima eleitoral brasileira, o assunto já foi assunto de debate de audiência pública neste mês e ganha relevância também entre especialistas do segmento eleitoral.

Para uma especialista de direito eleitoral e político, o uso indevido destas ferramentas podem servir para criar notícias e diálogos falsos a ponto de prejudicar a integridade de informações e até segmentar notícias falsas de acordo com o perfil ideológico de cada eleitor.

Segundo a advogada Fernanda Aguiar, que faz parte do escritório Gabriela Rollemberg Advocacia, especialista em Direito político, digital e também eleitoral, as inteligências artificiais estão inseridas em diversos segmentos, incluindo o âmbito eleitoral. Ela afirma que, para o marketing eleitoral, é possível analisar dados e delimitar a quantidade de simpatizantes de cada candidato, popularidade de políticos e opiniões sociais, para então determinar um objetivo da campanha.

No entanto, segundo Fernanda, várias inteligências artificiais podem ser utilizadas para produção e divulgação de notícias falsas de acordo com a ideologia dos usuários. “Dentre os tipos de inteligência artificial temos, por exemplo, a deep fake que são criadas por algoritmos de aprendizado profundo que analisam e sintetizam dados para gerar mídia que pode parecer autêntica, mas na realidade é fabricada. Isso pode incluir a substituição de rostos em vídeos, a dublagem de vozes e a criação de discursos ou diálogos falsos, se torna algo tão específico e com aparência de verdadeiro que a maioria das pessoas não conseguem distinguir a montagem exposta”, explicou acrescentando que pode haver casos em que seja necessário análise de especialista para verificar a veracidade daquelas informações.

Recentemente, o próprio TSE reconheceu que o uso de inteligências artificiais será regulamentado para as eleições municipais deste ano. Conforme divulgado pelo Tribunal Superior Eleitoral, entre as novidades, estão a inclusão de artigo que torna obrigatório informar de forma explícita a utilização de conteúdo fabricado ou manipulado em qualquer modalidade de propaganda eleitoral.

É considerada manipulação a criação ou a edição de conteúdo sintético que ultrapasse ajustes destinados à melhoria da qualidade do material, incluindo imagens ou sons criados, substituídos, omitidos, mesclados, sobrepostos ou que tenham tido a velocidade alterada por meio de ferramentas tecnológicas, como a inteligência artificial.

Segundo a especialista, o Tribunal Superior Eleitoral estabeleceu que a disseminação de desinformação e informações falsas pode caracterizar abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação social, tendo em vista que busca garantir um cenário político mais transparente, justo e confiável.

“A relevância da internet no processo eleitoral e na persuasão do eleitor é inegável. Contudo, a lacuna regulatória na utilização dessas ferramentas é um problema, pois a falta de transparência e controle permite impunidade. Diante disso, torna-se necessário que o Congresso Nacional elabore regulamentações específicas para o uso de inteligência artificial nessas práticas”, afirmou.

Fernanda ainda analisa que a ausência de normas claras pode resultar em abusos, justificando a urgência da intervenção legislativa para garantir a integridade do processo democrático. “Importante destacar a necessidade de campanhas de conscientização sobre os riscos da desinformação e destacar a importância de verificar fontes antes de acreditar e compartilhar informações, bem como ferramentas de verificação de fatos, para que os eleitores possam verificar a veracidade das informações que encontram online”, aponta.

Advogada Fernanda Aguiar afirma que o uso de IA pode influenciar nos votos
Advogada Fernanda Aguiar afirma que o uso de IA pode influenciar nos votos – Foto: Divulgação

Penalização por uso de inteligências artificiais precisa estar previsto, diz advogada

Ainda de acordo com o TSE, em caso de descumprimento, pode haver pena de dois meses a um ano de prisão ou pagamento de 120 a 150 dias-multa para quem produzir, oferecer ou vender vídeo com conteúdo falso sobre partidos ou candidatos.

Este artigo proíbe a veiculação de conteúdo fabricado ou manipulado de fatos sabidamente inverídicos ou gravemente descontextualizados com potencial de desequilibrar o pleito ou a integridade do processo eleitoral, inclusive na forma de impulsionamento.

Segundo Fernanda, muitas vezes não é possível identificar usuários na internet. Mas, com base no Marco Civil da Internet, provedores são obrigados a guardar dados como registros de acesso e fornecê-los a autoridades competentes para identificar usuários. “É preciso demandar judicialmente a plataforma de internet para que forneça os dados do usuário, o que não ocorre de forma imediata, mas isso não quer dizer que não há penalização”, esclareceu.

“Para acelerar o mecanismo de identificação de notícias falsas as empresas em conjunto com o TSE criaram ferramentas para diminuir os danos, a exemplo do WhatsApp que passou a identificar as mensagens compartilhadas com frequência e limitou o número de compartilhamentos para reduzir o alcance e criou um canal de denúncia junto ao TSE, também foram criados no Facebook e Twitter canais de “ fact checking”, a fim de anunciar imediatamente que determinadas notícias seriam falsas, além de um link que redireciona o leitor a informações verídicas sobre o assunto”, completou.

Ela acredita que estas iniciativas representam uma abordagem proativa para combater a disseminação de notícias falsas durante o período eleitoral. “Ao criar mecanismos de detecção mais rápidos, limitar a viralidade de mensagens suspeitas e estabelecer canais de denúncia eficazes, as empresas e o TSE buscaram promover um ambiente mais confiável e transparente durante os processos eleitorais. Essas práticas exemplificam a importância da colaboração entre plataformas digitais e órgãos reguladores para enfrentar os desafios relacionados à desinformação”, conclui.

AgoraRN

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