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Desfiles das escolas de samba serão nesta sexta, 16, e no sábado, 17, na Avenida Duque de Caxias, Zona Leste de Natal - Foto: Reprodução
Desfiles das escolas de samba serão nesta sexta, 16, e no sábado, 17, na Avenida Duque de Caxias, Zona Leste de Natal - Foto: Reprodução

Legitimamente banto, o ‘Samba’ é vocábulo africaníssimo. Com batuques de terreiro das bandas de Angola e Congo é forma de resistência cultural das comunidades negras e periféricas. Foi nos bairros mais populares do Rio de Janeiro que as escolas de samba tiveram sua origem nos anos de 1920 tornando-se símbolo do país. Em Natal, é na tradicional avenida Duque de Caxias, na Zona Leste, que as 12 agremiações potiguares desfilam a partir desta sexta-feira, 16, mostrando “um pouquinho de Brasil” nas ruas da capital.

Este ano, a primeira Escola de Samba a voltar a avenida é a Dragão Imperial do RN (Grupo de Acesso) seguida pelo Grupo B com as agremiações Imperatriz Alecrinense, Batuque Ancestral, União do Samba, Grande Rio do Norte, Em Cima da Hora, Asas de Ouro e Confiança no Samba. No sábado, 17, é a vez do Grupo A desfilar, com Balanço do Morro, Acadêmicos do Morro, Império do Vale e a atual campeã, Malandros do Samba.

“As escolas são verdadeiras resistência. A importância da tradição do carnaval é trazer a verdade do povo na rua. Não dá para dividir o samba da afrobrasiliade. O samba vem dos terreiros, dos candomblés. O som da bateria das escolas é a continuidade do sons dos terreiros. A escola de samba pra gente é um quilombo”, destacou Carlos Britto, um dos fundadores da Batuque Ancestral.

Com suas cores – vermelho, branco e preto –, a A.R.C.E.S. Batuque Ancestral, jovem escola de samba, foi fundada em 2018 no bairro Cidade Alta, por três amigos, Felipe Monteiro, Carlos Britto e Samara Taiane. Em busca de criar num novo cenário cultural e musical no âmbito das escolas de samba potiguares, mediante o resgate dos personagens negros da história, a escola tem como proposta à construção de um projeto artístico-cultural voltado às raízes da afrobrasilidade e do samba.

“Hoje a Batuque tem cinco anos, e é nosso terceiro desfile oficial e surge com a ideia de escola de samba que vai além da avenida. Nossa proposta é trazer enredos de luta, resistência, da nossa fé ancestral, da verdade do nosso povo preto. Heróis e heroínas em destaque ou anônimos”, explicou Britto.

Para o enredo de 2024, a escola leva até a Duque de Caxias Exu, o orixá dos caminhos, da encruzilhada, aquele que chega primeiro. “Falar de Exu numa avenida é quebrar o preconceito que se tem com este orixá. A igreja demoniza Exu a todo tempo, e nós que somos de terreiro temos esse dever de falar a verdade sobre nosso orixá Exú”, afirmou o sambista.

Para além dos desfiles, a Batuque Ancestral dedica-se a realização de outras atividades relacionadas às práticas e rituais que envolve o Carnaval como as Oficinas Culturais de percussão, samba enredo, figurinos e adereços que futuramente serão oferecidas aos jovens da comunidade da Cidade Alta e Ribeira, onde está a sede da escola.

Outra personalidade emblemática do universo do samba da capital potiguar, Debinha Ramos terá sua história celebrada como enredo da Escola Balanço do Morro no desfile de 2024. Em êxtase, Debinha expressou ao AGORA RN alegria por ser homenageado pela verde e rosa onde iniciou sua trajetória, destacando a importância de Lucarino, o fundador da escola.

“Estou numa felicidade só, ser homenageado em vida, e pela escola onde eu iniciei tudo, onde eu tive como mestre o grande Lucarino, que para mim é o maior sambista desse Estado, e parceiro em composições. Isso é uma enorme felicidade, ver que minha história está sendo contada com esse reconhecimento da escola. Para um sambista ou para qualquer pessoa que se destaque em algum setor, algum segmento e receba homenagem com certeza se sente realizado”, celebrou.

A notícia da homenagem chegou a Debinha em abril, 40 dias após o carnaval de 2023. “A direção da escola estava reunida lá em Dorinha, que é a matriarca da escola, a viúva do mestre Lucarino, e me ligaram, quando cheguei lá, todo mundo já estava aos gritos, e já com o título do enredo já na boca, comecei a chorar, foi muito lindo tudo, a partir daí nós começamos a construir toda a história do enredo. Acho que está vivendo um sonho, até o dia 17 de sábado, acho que eu vou sonhar até lá”.

Para o sambista, as escolas de samba têm uma importância fundamental para a cultura de Natal. É o movimento mais antigo de samba de Carnaval que existe na cidade e passou por várias “tempestades” e conseguiu resistir a isso tudo. “Nos anos 80, a cidade enfrentou uma época de esvaziamento, com muitos migrando para outras localidades. Foram as escolas de samba que sustentaram a chama do Carnaval natalense. Enquanto algumas pessoas buscavam novos destinos nas praias do litoral ou em cidades como Recife e Salvador, as escolas permaneceram preenchendo o vazio e preservando a essência da festividade. A história das escolas de samba é de uma uma profundeza muito grande”, disse.

Quanto ao suporte do poder público, Debinha destaca o auxílio repassado pela prefeitura como um incentivo positivo, embora reconheça que ainda não cobre todas as despesas das escolas. Apesar do reajuste no ano anterior, o aporte financeiro continua abaixo do necessário com as despesas, sendo recebido apenas após o Carnaval, o que pode causar desafios financeiros para as escolas durante os preparativos para o desfile.

“Às vezes não é rápido. São meses para sair. Então, as escolas se endividam, usa um cartão, vai para pedir emprestado, para poder botar na rua. Não é tão rápido que sai, mas já houve avanço ano passado e foi mantido esse ano. Espero que no futuro melhore”, refletiu.

Programação do desfile:

Sexta-feira, 16

Grupo de Acesso – Escolas de Samba

19h – 19h50 – G.R.E.S Dragão Imperial

Grupo B – Escolas de Samba

  • 20h05 – 20h55 – G.R.E.S Imperatriz Alecrinense
  • 21h10 – 22h – G.R.E.S Batuque Ancestral
  • 22h15 – 23h05 – G.R.E.S União do Samba
  • 23h20 – 0h10 – G.R.E.S Grande Rio do Norte
  • 0h30 – 1h20 – G.R.E.S Em Cima da Hora
  • 1h35 – 1h50 – G.R.E.S Asas de Ouro
  • 2h30 – 3h15 – G.R.E.S Confiança no Samba

Sábado, 17

Desfile das Tribos de Índios do Patrimônio Imaterial de Natal

19h – 19h50

  • 1º Gaviões Amarelo
  • 2º Tupi Guarani
  • 3º Tabajara
  • 4º Mobralino Mapabu

Grupo A – Escolas de Samba

  • 20h – 21h – A.R.C.C Balanço do Morro
  • 21h15 – 22h15 – G.R.E.S Acadêmicos do Morro
  • 22h30 – 23h30 – E.S Império do Vale
  • 23h45 – 0h45 – G.R.E.S Malandros do Samba

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