O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, promulgou, nesta quarta-feira (3), uma lei que reduz a idade de mobilização militar de 27 para 25 anos. A medida tem por objetivo combater a falta de efetivos para lutar contra a invasão russa.
A Rússia, por sua vez, diz ter registrado um aumento significativo no número de inscritos nas Forças Armadas desde o ataque em Moscou, no mês passado.
O projeto de lei foi votado há mais de um ano pelos deputados ucranianos, mas só agora entrará em vigor após a sanção do presidente.
A medida expande o número de civis que o exército ucraniano pode mobilizar para lutar sob a lei marcial, que está em vigor desde que a Rússia lançou a invasão em grande escala, em fevereiro de 2022.
Volodymyr Zelensky assinou separadamente um segundo projeto de lei que exige que os homens que receberam dispensa militar por motivo de invalidez se submetessem a outra avaliação médica.
A Verkhovna Rada (parlamento) considera que a medida será eficaz em relação ao “reabastecimento das reservas de recursos humanos”, no momento em que as Forças Armadas de Kiev enfrentam escassez de soldados, armas e munições para conter os avanços das tropas de Moscou nas frentes no Leste do país.
As tropas ucranianas enfrentam desafios no campo de batalha, com a escassez de fornecimentos de munições e o financiamento vital dos EUA bloqueado pelos republicanos no Congresso durante meses, bem como com o fato de a União Europeia não conseguir entregar a munição prometida a tempo.
A expansão da idade de recrutamento tem sido uma questão controversa na Ucrânia. Vários setores da oposição discordam da repressão prevista em algumas das normas e juristas alertam para o risco de incompatibilidades com a Constituição.
Acredita-se que o desacordo em relação à idade de recrutamento tenha sido, inclusive, uma das razões pelas quais Zelensky demitiu o ex-comandante das Forças Armadas, em fevereiro deste ano.
Nesse mesmo mês, Valerii Zaluzhnyi tinha expressado a sua frustração com “a incapacidade das instituições estatais na Ucrânia de melhorar os níveis de efetivo das nossas forças armadas sem o uso de medidas impopulares”.
O atual sistema de alistamento é considerado por muitos ucranianos injusto, ineficiente e muitas vezes corrupto. E também se levantam vozes para exigir a desmobilização dos militares que estão em condição de enorme desgaste na frente de combate desde o início do conflito.
Em um comunicado divulgado nesta quarta-feira, o Ministério da Defesa da Rússia disse que, apenas nos últimos dez dias, mais de 16 mil pessoas se alistaram nas Forças Armadas. Desde o início do ano foram registradas 100 mil assinaturas.
“Durante entrevistas realizadas na semana passada em pontos de seleção em cidades russas, a maioria dos candidatos indicou o desejo de vingar os mortos na tragédia ocorrida em 22 de março de 2024 na região de Moscou como o principal motivo para a celebração de um contrato”, anunciou o Ministério russo da Defesa.
Pelo menos 144 pessoas foram mortas durante o tiroteio na sala de concertos Crocus City Hall, nos arredores da capital russa. O ataque foi reivindicado pelo Estado Islâmico, mas a Rússia insiste em atribuir a culpa à Ucrânia.
Em setembro de 2022, o presidente russo, Vladimir Putin, ordenou uma mobilização parcial de 300 mil homens. Posteriormente, Putin disse que não há necessidade de outra mobilização obrigatória porque o número de voluntários é muito elevado.
Um relatório confidencial da inteligência dos EUA, divulgado em dezembro, estimou que 315 mil soldados russos foram mortos ou feridos desde o início da guerra – o que representava quase 90% do pessoal militar russo no início da invasão.
Do lado ucraniano, Zelensky anunciou, em fevereiro, que 31 mil soldados ucranianos foram mortos desde o início da guerra, mas as autoridades norte-americanas estimaram o número de soldados ucranianos mortos em pelo menos 70 mil.
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Agência Brasil