O reconhecimento formal da Palestina como Estado pela Noruega entrou em vigor nesta terça-feira (28), confirmou o governo de Copenhague, que considerou a data “memorável”. Juntamente com a Noruega, reconheceram formalmente o Estado palestino a Espanha e a Irlanda.
“A Noruega é, há mais de 30 anos, um dos países que mais tem lutado por um Estado palestino. Hoje, quando reconhece oficialmente a Palestina como Estado, é um dia memorável na relação entre os dois países”, afirmou o governo norueguês, em comunicado do ministro dos Negócios Estrangeiros, Espen Barth Eide, citado pela agência de notícias EFE.
A Noruega anunciou, na semana passada, que reconheceria a partir de hoje a Palestina como Estado, juntamente com a Espanha e a Irlanda.
Dias depois, o Rei Harald V, chefe de Estado da Noruega, assinou a resolução, que foi entregue formalmente no domingo em Bruxelas ao primeiro-ministro palestino, Mohamed Mustafá.
“Foi importante poder entregar uma carta formal, em mãos, ao primeiro-ministro Mohamed Mustafa. Valoriza muito o compromisso da Noruega com a Palestina e o nosso trabalho por uma solução com dois Estados [Israel e Palestina]. O reconhecimento é uma clara expressão de apoio às forças moderadas nos dois países”, diz o comunicado.
O ministro norueguês acrescentou, no texto, que está confiante de que a Autoridade Nacional Palestina continuará com a tarefa complicada de fazer reformas para governar “tanto na Cisjordânia quanto em Gaza depois de um cessar-fogo”.
“É lamentável que o governo israelense não mostre sinais de compromisso de forma construtiva. A comunidade internacional deve aumentar o apoio econômico e político à Palestina e continuar a trabalhar por uma solução com dois Estados”, acrescentou Espen Barth Eide.
O governo norueguês não organizou para esta terça-feira qualquer evento ou cerimônia pública a propósito do reconhecimento da Palestina, além do comunicado do ministro dos Negócios Estrangeiros.
O Parlamento da Noruega aprovou, em novembro do ano passado, resolução que apelava ao governo para reconhecer a Palestina no momento em que pudesse ter “efeito positivo para o processo de paz”
A oposição norueguesa (de direita) criticou a decisão do governo, por considerar que ela não ocorre no momento certo.
Também Israel criticou a Espanha, Irlanda e Noruega, argumentando que esses países enviam mensagem aos palestinos de que “o terrorismo compensa”, numa referência ao grupo islâmico Hamas.
O ministro israelense dos Negócios Estrangeiros, Israel Katz, acusou o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, de ser “cúmplice do genocídio judeu” por reconhecer o Estado palestino em publicação na rede social X.
O Conselho de Ministros da Espanha também aprovou nesta terça-feira o reconhecimento formal da Palestina como Estado, disseram a porta-voz do governo de Madrid, Pilar Alegría, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Jose Manuel Albares, em entrevista
“Hoje é um dia que fica gravado na história de Espanha, um dia em que o nosso país diz que perante o sofrimento não é possível a indiferença e que é possível a paz, a solidariedade, o compromisso e a confiança na humanidade”, afirmou Albares.
O ministro espanhol defendeu que a decisão tomada hoje em Madri é questão de justiça com o povo palestino, mas também “a única via para garantir a Israel a segurança que legitimamente reivindica e o único caminho viável para a paz na região”.
Noruega, Espanha e Irlanda haviam anunciado que reconheceriam a Palestina como Estado a partir de hoje, juntando-se a mais de 140 países em todo o mundo, no momento em que Israel mantém, desde outubro, ofensiva militar na Faixa de Gaza.
A Irlanda reconheceu também oficialmente o Estado da Palestina. O primeiro-ministro, Simon Harris, afirmou que se trata de uma questão de “manter viva a esperança”.
Em comunicado divulgado após um conselho de ministros que formalizou a decisão, o chefe do Governo irlandês apelou ao premiê israelense, Benjamin Netanyahu, para “ouvir o mundo e conter a catástrofe humanitária” em Gaza.
Dublin reconhece assim a Palestina como Estado soberano e independente e decidiu estabelecer relações diplomáticas plenas entre Dublin e Ramallah, onde será nomeado um embaixador irlandês.
O conflito no Oriente Médio foi desencadeado pelo ataque, em 7 de outubro de 2023, a Israel do grupo islâmico Hamas, que controla a Faixa de Gaza, deixando cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades de Israel.
Desde então, Israel lançou ofensiva na Faixa de Gaza que deixou mais de 36 mil mortos e grave crise humanitária, segundo o Hamas, que governa o enclave palestino desde 2007.
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*Matéria atualizada às 10h45 de hoje (28).
Agência Brasil