Estudo realizado por pesquisadores da UFRN utilizou o Núcleo de Processamento de Alto Desempenho (NPAD), unidade de supercomputação da UFRN, vinculada ao Instituto Metrópole Digital (IMD), para processar o sequenciamento de DNA e RNA em vírus de esgotos de Natal. A vigilância viral e a compreensão das amostras forneceram contribuições significativas para orientar políticas e intervenções de saúde pública no Brasil.
A análise das águas residuais aplicou técnicas de sequenciamento para identificar e caracterizar a diversidade viral. As amostras foram coletadas semanalmente durante um ano, nas estações de tratamento de Baldo, Ponta Negra e Beira Rio, em Natal. A construção de redes de interação durante a análise de dados teve apoio do NPAD, uma vez que com a utilização de diferentes ferramentas computacionais é possível identificar as espécies presentes e estabelecer relações ecológicas.
“Analisar a comunidade viral presente no esgoto pode oferecer informações valiosas sobre a diversidade de doenças transmissíveis”, conta a pesquisadora Lucymara Fassarella, do Departamento de Biologia Celular e Genética (DBG/UFRN). “Essa pesquisa pode ajudar na criação de um sistema de alerta precoce para identificar e responder a novas ameaças à saúde humana, animal e vegetal”, disse, pontuando que uma conexão observada entre os vírus da família Coronaviridae, dados sobre chuva e número de casos de COVID-19 sugere que a observação de esgotos pode preparar a população contra futuros surtos virais.
Durante o estudo, publicado na revista Environmental Pollution, a caracterização da comunidade viral permitiu identificar variações na dinâmica populacional, como a instabilidade de vírus que afetam animais, e possíveis biomarcadores para monitoramento, o que pode auxiliar no desenvolvimento de estratégias mais eficazes para diferentes grupos de patógenos. A pesquisa também destaca a necessidade de investigar vírus não classificados e seus papéis na virosfera, abrindo novas possibilidades para futuras investigações.
Lucymara relata que conhecia e utilizava o NPAD desde sua criação, em 2016. Dentre as pesquisas que desenvolveu com apoio do núcleo, há a análise dados de RNA-seq de pacientes com covid-19 para identificar genes diferencialmente expressos associados à gravidade da doença; o uso de consórcios microbianos para degradar hidrocarbonetos, com o objetivo de tratar resíduos da indústria petroquímica de maneira sustentável; e o isolamento e a caracterização genômica e fenotípica de nove cepas da bactéria Acinetobacter baumannii encontradas em reservatórios de petróleo brasileiros.