Com o objetivo de promover o debate sobre respeito e o enfrentamento a diversas formas de preconceito e violência, o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema) realizou, na manhã desta terça-feira (28), um ciclo de palestras voltado para o público interno, com temáticas sobre transfobia, assédio no ambiente trabalho, discriminação e formas de prevenção e enfrentamento aos diferentes tipos de violência.
O evento ocorreu no Auditório Geólogo José Gilson Vilaça, na sede do Idema, bairro Tirol.
Durante a abertura, o diretor-técnico do Idema, Thales Dantas, destacou a importância de estabelecer uma agenda permanente de eventos que fomentem uma cultura de respeito e incentivem a denúncia de práticas abusivas. “Queremos criar um ambiente que ultrapasse os limites institucionais e dialogue com outros órgãos e a sociedade. Precisamos fortalecer a ideia de que o governo e seus servidores devem trabalhar integrados para promover mudanças”, enfatizou.
O diretor reforçou o compromisso do Idema em continuar promovendo debates e ações integrativas que fomentem o respeito e a transformação social. “Tivemos um momento de aprendizado, escuta e troca de experiências que nos convida a refletir sobre a importância do respeito em todas as suas dimensões”, destacou.
Janaína Lima, mestra em Estudos da Mídia (UFRN), doutoranda em Antropologia Social (UFRN), primeira travesti gestora pública do Governo do Estado e assessora parlamentar da Assembleia Legislativa do RN, destacou que é urgente repensar políticas públicas como instrumentos de transformação social e não apenas como uma burocracia. “Vivemos em uma cultura que reproduz racismo, LGBTfobia e machismo. Precisamos agir para transformar essas relações opressoras e tornar o espaço de trabalho mais humano. Trabalhar também é sobre vivência, dignidade e humanidade”, afirmou.
Thaís Maia, mulher trans, jornalista e subcoordenadora de Acompanhamento e Controle da Secretaria de Estado e Planejamento, do Orçamento e Gestão (Seplan) fez um relato pessoal e contou um pouco de sua história na infância, chamando a atenção para os reflexos das dinâmicas sociais na educação das crianças, reforçando a necessidade de um ambiente escolar saudável que começa dentro de casa. “Se não enfrentarmos essas questões desde cedo, perpetuamos comportamentos prejudiciais que impactam os indivíduos desde a infância. A sociedade foi moldada a segregar, a dividir os espaços e não olhar com respeito para o diferente. Não é um pensamento isolado, é estrutural, e muitas pessoas que tentam ocupar os espaços estão machucadas tentando sobreviver e serem vistas”, comentou.
A psicóloga Quitéria Alves Melo também participou do momento, conduzindo uma palestra sobre os impactos do assédio moral no ambiente de trabalho e seus reflexos na saúde mental dos trabalhadores. Ela explicou os diferentes tipos de assédio – vertical, horizontal e organizacional – e como essas práticas levam ao desgaste mental, isolamento e doenças como Burnout e depressão. “É fundamental cuidar não apenas do trabalhador individualmente, mas também do coletivo e da instituição na totalidade. Identificar esses processos de adoecimento, construir lugares de acolhimento e escuta, são base para um ambiente saudável”, ressaltou.
A servidora pública, integrante da Unidade de Ouvidoria da Controladoria Geral do Estado, Gicélia Moura, apresentou exemplos práticos de casos de assédio que chegaram à Ouvidoria e destacou a relevância dos canais de denúncia. “A Ouvidoria é um espaço essencial para dar voz aos servidores, coletar dados e fomentar ações de combate ao assédio moral e sexual no ambiente de trabalho. É importante denunciar, é importante registrar os casos de violência e levar para instâncias mais altas para que essa cultura hostil seja cada vez mais desinstitucionalizada”, comentou a servidora.
Para encerrar o ciclo de palestras desta terça-feira (28), Andhara Reis, auditora de Finanças e Controle, integrante da Unidade de Integridade da Controladoria-Geral do Estado, reforçou que enfrentar o assédio e a discriminação é um compromisso institucional que exige diálogo, aprendizado e ações constantes. “Precisamos fortalecer a cultura moral nas instituições e cuidar do ambiente de trabalho como um espaço de dignidade e valorização do servidor. A construção de um ambiente de trabalho saudável é um caminho”, concluiu.
Andhara também destacou que o Governo do RN disponibiliza canais de denúncia por meio dos portais da administração direta e indireta, ampliando as possibilidades de acolhimento e resolução de casos.
Dia Nacional da Visibilidade Trans
Dia 29 de janeiro é o Dia Nacional da Visibilidade Trans. Em alusão à data, movimentos sociais e governos realizam eventos para debater a visibilidade trans e o combate à violência contra esse segmento populacional que, dentro das identidades LGBTQIAPN+, é o que carrega maior estigma e preconceito, resultando em maior violência e discriminação.