O novo Boletim InfoGripe segue apresentando sinal de aumento de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) entre crianças e adolescentes de até 14 anos, especialmente nas regiões Norte, Centro-Oeste e no estado de Sergipe. Por outro lado, a análise aponta tendência de estabilidade ou oscilação no número de novos casos de Covid-19, que atinge sobretudo os mais idosos, principalmente em alguns estados das regiões Norte, Nordeste e no Mato Grosso.
A atualização, divulgada nesta quinta-feira (27/2), que tem como base os dados inseridos no Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe), abrange a Semana Epidemiológica (SE) 8, período de 16 a 22 de fevereiro.
Carnaval
Em relação ao Carnaval, quando há maior aglomeração de pessoas, o estudo informa que não há qualquer estado com incidência alta ou muito alta de Covid-19. Portanto, é possível aproveitar a folia com segurança seguindo algumas orientações. A pesquisadora Tatiana Portella, do Programa de Computação Científica da Fiocruz e do Boletim InfoGripe, recomenda que, caso alguém apresente sintomas de síndrome gripal, como coriza, dor de garganta, febre ou tosse, deve evitar participar das festas e grandes eventos para não transmitir o vírus para outras pessoas. “Outra opção é curtir o Carnaval usando uma boa máscara e priorizando ambientes abertos”, afirma Portella.
A pesquisadora destaca que essa recomendação também vale para o pós-Carnaval. Segundo a especialista, caso alguém apresente sintomas de gripe ou resfriado após esse período, deve evitar sair de casa e não visitar grupos mais vulneráveis, tais como crianças pequenas e idosos. “Por fim, outra recomendação importante é que todos estejam em dia com a vacinação contra a Covid-19, especialmente os grupos de risco”.
SRAG em crianças e adolescentes
Quanto ao crescimento de casos de SRAG em crianças e adolescentes nesta época do ano, a pesquisadora observa que trata-se de um padrão já observado em anos anteriores. No entanto, afirma Portella, até o momento, esse aumento no número de casos nessa faixa etária ainda não é motivo de grande preocupação. Embora no verão há um período de baixa circulação dos vírus respiratórios, com o retorno às aulas e o aumento do contato entre crianças nas escolas, esses vírus voltam a circular mais. O único estado que merece mais atenção é Goiás, onde o aumento atingiu uma incidência mais alta e está associado a um início de temporada do vírus sincicial respiratório (VSR).
“Em relação à Covid-19, não há, no momento, nenhuma área de alto risco. O que observamos agora é uma tendência de estabilidade ou oscilação no número de novos casos, principalmente em alguns estados das regiões Norte, Nordeste e Mato Grosso”, explica a pesquisadora.
Situação nacional
Referente ao ano epidemiológico 2025, já foram notificados 13.551 casos de SRAG, sendo 4.560 (33,7%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 6.188 (45,7%) negativos, e ao menos 1.828 (13,5%) aguardando resultado laboratorial.
Dentre os casos positivos do ano corrente, observou-se 6,6% de influenza A, 2,7% de influenza B, 13,9% de vírus sincicial respiratório, 21% de rinovírus, e 48,7% de Sars-CoV-2 (Covid-19). Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos positivos foi de 6,9% de influenza A, 1,9% de influenza B, 19,3% de vírus sincicial respiratório, 21,2% de rinovírus, e 45,3% de Sars-CoV-2 (Covid-19).
Em nível nacional, há de aumento de SRAG nas tendências de longo prazo (últimas seis semanas) e de curto prazo (últimas três semanas). Nove das 27 unidades federativas apresentam nível de atividade de SRAG em alerta, risco ou alto risco nas últimas duas semanas. São elas Acre, Amazonas, Distrito Federal, Goiás, Pará, Rondônia, Roraima, Sergipe e Tocantins. Dentre essas UFs, sete também têm sinal de crescimento de SRAG na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) até a SE 8: Acre, Distrito Federal, Goiás, Pará, Roraima, Sergipe e Tocantins.
A alta de casos de SRAG em vários estados das regiões Norte (Acre, Pará, Rondônia e Tocantins), Centro-Oeste (Goiânia e Distrito Federal) e no Nordeste (Sergipe) é impulsionada, principalmente, pelo aumento de casos entre crianças e adolescentes de até 14 anos. Em Goiânia e Distrito Federal, observa-se que o crescimento de SRAG entre crianças menores de dois anos está associado a um aumento de casos de VSR. Nos demais estados, no entanto, ainda não há dados suficientes para identificar o vírus responsável por esse crescimento.
O número de novos casos de SRAG entre os idosos, com padrão característico de Covid-19, apresenta tendência de estabilidade ou oscilação em alguns estados do Norte (Amazonas, Rondônia, Roraima) e Nordeste (Maranhão e Sergipe), além de Mato Grosso.
Na presente atualização, verifica-se que 10 das 27 capitais apresentam nível de atividade de SRAG em alerta, risco ou alto risco (últimas duas semanas) até a SE 8: Aracaju (SE), Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Boa Vista (RR), Brasília (DF), Cuiabá (MT), Goiânia (GO), Palmas (TO), Rio Branco (AC) e Vitoria (ES). Entre elas, oito também sinalizam crescimento de SRAG na tendência de longo prazo (últimas 6 semanas) até a SE 8: Aracaju (SE), Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Goiânia (GO), Palmas (TO), Rio Branco (AC) e Vitoria (ES).