A China e os Estados Unidos anunciaram nesta segunda-feira (12) uma trégua em sua guerra comercial após negociações em Genebra que reverterão a maior parte das tarifas e outras contramedidas até quarta-feira (14).
Os Estados Unidos irão reduzir as tarifas extras que impuseram à China neste ano de 145% para 30%, enquanto a China vai reduzi-las de 125% para 10%.
As tarifas impostas antes de 2 de abril, incluindo aquelas que remontam ao primeiro mandato do presidente Donald Trump, e outras restrições – como as medidas dos EUA para acabar com isenções de encomendas de baixo valor – devem permanecer.
Os Estados Unidos concordaram em ajustar ou remover três decretos que, em conjunto, impuseram tarifas de 115% sobre as importações da China.
Washington concordou em reduzir suas tarifas do chamado Dia da Libertação de 34% para 10% por 90 dias e remover todas as tarifas impostas durante a escalada que se seguiu.
A China acompanhou a redução, removendo todas as tarifas impostas desde 2 de abril, com exceção de 10%, deixando a taxa atual em 10%.
No entanto, isso faz com que a China ainda enfrente tarifa de 30% quando as taxas impostas antes de 2 de abril são contabilizadas, incluindo as duas rodadas de tarifas de fentanil impostas em fevereiro e março.
Os produtos chineses – desde veículos elétricos, aço e alumínio –, também continuarão a enfrentar tarifas separadas impostas nos últimos anos.
A China também se comprometeu a remover as contramedidas não tarifárias impostas aos Estados Unidos desde 2 de abril, embora ainda não esteja claro como algumas dessas medidas serão revertidas.
Como parte de sua retaliação em abril, a China acrescentou terras raras à sua lista de exportações controladas, abriu uma investigação antidumping sobre os negócios da empresa química DuPont na China e colocou algumas empresas de defesa e tecnologia dos EUA na lista proibida.
A redação do acordo sugere que essas empresas serão removidas da lista, que impedia o comércio e os investimentos com a China, e a investigação antidumping foi arquivada.
A declaração diz apenas que as contramedidas impostas após 2 de abril serão removidas, o que, portanto, não incluiria uma dúzia de empresas da lista proibida em março e a investigação antidumping contra o Google anunciada em fevereiro.
A DuPont não respondeu a um pedido de comentário.
No caso das terras raras, como a decisão da China se aplica a todos os países, não está claro se ela será considerada uma contramedida específica dos EUA nos termos do acordo.
Não há menção aos EUA no anúncio original do Ministério do Comércio, que exigia que todos os exportadores buscassem licenças antes de enviar sete tipos de terras raras.
A Reuters informou no mês passado que os clientes dos EUA provavelmente enfrentariam uma longa e incerta espera por licenças devido à guerra comercial.
O Ministério do Comércio da China não respondeu imediatamente às perguntas enviadas por fax sobre as restrições às terras raras.
Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores remeteu as perguntas sobre o assunto para o texto do acordo.
O acordo anunciado nesta segunda não abordou o que acontecerá com as encomendas de comércio eletrônico de baixo valor enviadas da China para os EUA – chamada de política de minimis.
Em 2 de maio, o governo Trump pôs fim à política de minimis que permitia que encomendas com valor inferior a US$ 800 compradas da China e de Hong Kong pela internet entrassem nos Estados Unidos com isenção de impostos.
Ele impôs tarifas de 120% sobre esses pacotes.
Como a questão não foi tratada no anúncio desta segunda-feira, especialistas em comércio dizem que o futuro sobre o assunto não está claro.
“Não há clareza alguma sobre os [produtos] de minimis”, disse Martin Palmer, cofundador do fornecedor de dados internacionais Hurricane Modular Commerce.
“A lógica diz que, se você reduzir as tarifas para todo o resto, isso deve se refletir nos embarques de minimis porque essa é uma parte considerável das importações da China para os EUA.”
Agência Brasil