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Presidente da Argentina, Javier Milei 26/01/2024 REUTERS/Agustin Marcarian
© REUTERS/Agustin Marcarian/Proibida Reprodução

Os argentinos votam no próximo domingo (26), em uma eleição que se transformou em referendo sobre as profundas políticas de austeridade do presidente Javier Milei e que ocorrerá após um resgate econômico liderado pelos Estados Unidos (EUA).

As medidas econômicas de “terapia de choque” desestimularam substancialmente a inflação e levaram a um superávit fiscal, animando os investidores e recebendo elogios do governo Trump. Mas os índices de aprovação de Milei caíram, em um possível sinal de que os argentinos estão ficando cansados do custo do ajuste fiscal.

Quando o presidente Trump se reuniu com Milei na Casa Branca na semana passada, dias depois de oferecer à Argentina ajuda de US$ 20 bilhões em swap cambial, ele afirmou que um apoio adicional dos EUA dependerá do sucesso do partido de Milei nas eleições de meio de mandato.

Metade da Câmara dos Deputados da Argentina, ou seja, 127 cadeiras, bem como um terço do Senado, ou seja, 24 cadeiras, estarão em disputa em 26 de outubro.

O movimento peronista de oposição detém atualmente a maior minoria em ambas as câmaras e tem cerca de metade de suas cadeiras na câmara baixa para reeleição. O partido relativamente novo de Milei – A Liberdade Avança – tem apenas 37 deputados e seis senadores.

As disputas mais importantes ocorrerão na província de Buenos Aires, onde um grande número de cadeiras está em disputa.

Analistas políticos com quem a Reuters conversou disseram que se o partido de Milei conquistar mais de 35% dos votos, isso seria visto como sinal positivo de apoio crescente, usando como barômetro os 30% que Milei garantiu no primeiro turno da eleição presidencial de 2023. Se ele se aproximar dos 40%, seria visto como “uma eleição muito boa”, disse Marcelo Garcia, diretor para as Américas da consultoria de risco Horizon Engage.

Um resultado expressivo aumentaria substancialmente a presença do partido de Milei em ambas as Casas Legislativas, permitindo que o presidente dê continuidade às suas políticas de reforma da economia. Milei anunciou este mês que pretende introduzir reformas trabalhistas para aumentar a força de trabalho formal e novos cortes de impostos nacionais, que ainda não explicou em detalhes.

“Se 2025 indicar que Milei é um número em declínio, os investidores começarão a se preparar para uma opção mais de centro ou centro-esquerda para 2027”, disse Garcia.

“Se 2025 indicar que Milei é um número em declínio, os investidores começarão a se preparar para uma opção mais de centro ou centro-esquerda para 2027”, disse Garcia.

Os investidores estarão atentos, principalmente, para ver se Milei conseguirá votos suficientes para impedir que os parlamentares da oposição coloquem em risco sua agenda, derrubando seus vetos. Nos últimos dois meses, o Congresso derrubou os vetos de Milei a projetos de lei que aumentavam o financiamento para universidades públicas, assistência médica pediátrica e pessoas com deficiência.

O partido de Javier Milei precisará de cerca de um terço dos votos em ambas as Casas do Congresso para impedir futuras tentativas de derrubada de vetos.

Para garantir isso, provavelmente precisará formar alianças. O partido de Milei tem se aliado com mais frequência ao PRO, um grupo centrista liderado pelo ex-presidente Mauricio Macri.

Se os possíveis aliados apoiarão o atual presidente, dependerá do desempenho de seu partido na eleição, disse Lorenzo Sigaut Gravina, economista da consultoria argentina Equilibra.

O índice de aprovação de Milei caiu para menos de 40% recentemente, o mais baixo ao longo do seu governo.

Além das preocupações com a austeridade, ele foi afetado por alegações de corrupção ligadas a pessoas próximas a ele. Uma investigação judicial foi iniciada depois que gravações de áudio vazadas e não corroboradas sugeriram que sua irmã e chefe de gabinete, Karina Milei, estava envolvida em um esquema de suborno. Milei classificou as acusações como campanha de difamação política. Enquanto isso, um candidato do partido de Milei na província de Buenos Aires renunciou em meio a alegações de corrupção, mas já era tarde demais para retirar seu nome da chapa.

Apesar dos ventos contrários, Facundo Cruz, consultor político em Buenos Aires, disse que o partido de Milei tem presença muito maior em nível nacional do que tinha durante as eleições legislativas de 2023.

“Ele inevitavelmente aumentará suas cadeiras”, disse. “A questão é: até que ponto?”

“Ele inevitavelmente aumentará suas cadeiras”, disse. “A questão é: até que ponto?”

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Agência Brasil

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