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Presidente da Argentina, Javier Milei 26/01/2024 REUTERS/Agustin Marcarian
© REUTERS/Agustin Marcarian

 O Senado da Argentina aprovou, na noite dessa quarta-feira (12), um pacote de reformas consideradas essenciais pelo presidente ultraliberal Javier Milei. O projeto dará aos mercados um sinal claro sobre a capacidade do presidente de implementar seu plano econômico ortodoxo.

Após tumultos entre a polícia e manifestantes contrários à proposta, o debate no Senado resultou em empate, o que levou a presidente da Casa, a vice-presidente Victoria Villarruel, a desempatar com um voto a favor.

Entre outros pontos, o volumoso projeto de lei promove amplos benefícios para investimentos multimilionários, privatização de empresas públicas e poderes especiais para o presidente, embora muitas iniciativas tenham sido modificadas para obter o consenso da oposição fragmentada.

“O presidente tem afirmado que o Estado é uma organização criminosa, que tem um profundo desprezo pelo Estado porque ele é o inimigo. Vamos realmente dar poderes delegados a esse governo?”, disse o senador da oposição Martín Lousteau durante o debate na Câmara Alta.

Após a votação, os senadores passaram a votar cada um dos capítulos que compõem o projeto de lei.

Muitos senadores votaram a favor da lei em termos gerais, mas promoverão mudanças em alguns pontos do projeto com o qual Milei pretende conseguir investimentos para impulsionar uma economia em declínio e com inflação acima de 200% ao ano. O peronismo e outros partidos de oposição votarão majoritariamente contra.

Do lado de fora do Congresso, um protesto de sindicatos, partidos de esquerda e outros manifestantes levou a um confronto com a polícia, resultando em vários feridos, um carro queimado e 18 detenções.

“Hoje vimos duas Argentinas, uma violenta que incendeia um carro, que atira pedras, e outra, a dos trabalhadores que estão esperando com profunda dor e sacrifício pelo voto que, em novembro do ano passado, escolheu uma mudança a ser respeitada”, disse Villarruel ao explicar seu voto a favor do projeto.

Depois de assumir o cargo em dezembro, Milei implementou um ajuste monumental nos gastos públicos que levou equilíbrio às contas fiscais, mas também provocou uma pobreza que ultrapassou 50% da população.

Entre as mudanças que o governo concedeu à oposição para evitar atrasos na aprovação do projeto de lei estão alterações no regime de promoção de investimentos e a retirada da Aerolíneas Argentinas, do Correo Argentino e do sistema de mídia pública RTA da lista de empresas a serem privatizadas.

O projeto de lei já foi aprovado pela Câmara dos Deputados no final de abril, mas voltará a essa Casa para tratar das alterações feitas pelos senadores.

“O esforço que nós, argentinos, temos feito durante esses meses é enorme, e esperamos hoje dar um passo firme no sentido de estabelecer as bases para o progresso”, disse o senador Bartolomé Abdala, do partido pró-governo La Libertad Avanza.

Milei havia tentado aprovar, no início do ano, a lei – que então continha um pacote mais amplo de iniciativas liberais e foi rejeitado pelo Congresso -, e agora decidiu cortar o projeto.

Após os incidentes, o governo parabenizou as forças de segurança na rede social X por sua ação contra o que considerou uma tentativa de golpe de Estado.

“O gabinete do presidente parabeniza as Forças de Segurança por suas excelentes ações ao reprimir os grupos terroristas que, com paus, pedras e até granadas, tentaram perpetrar um golpe de Estado, atacando o funcionamento normal do Congresso da Nação Argentina”, publicou o governo.

(Reportagem adicional de Eliana Raszewski)

*É proibida a reprodução deste conteúdo.

Agência Brasil

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