A cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, foi alvo novamente, na madrugada desta quarta-feira (3), de bombardeios israelenses, no momento em que milhares de palestinos fogem em busca de abrigo após ordem de evacuação das autoridades.
Nos últimos dias, tanques de Israel entraram em vários distritos no centro de Rafah e avançaram para oeste e norte da cidade. Nos ataques noturnos morreram pelo menos 12 pessoas, segundo as autoridades de saúde locais.
Depois de ter anunciado, há mais de uma semana, que o fim da fase “intensa” da guerra está próximo, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reafirmou nessa terça-feira que a guerra só terminará quando os seus objetivos forem alcançados, incluindo a “destruição do Hamas e libertação de todos os reféns” raptados em 7 de outubro.
Trata-se de “longa campanha”, afirmou o chefe do Estado-Maior, Herzi Halevi.
No sul da Faixa de Gaza, milhares de famílias fogem desde segunda-feira de Rafah e Khan Younis, em busca de abrigo, água e alimentos no território devastado por quase nove meses de guerra.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 250 mil pessoas serão afetadas pela ordem de evacuação dada na segunda-feira. Com temperaturas próximas dos 30 graus, os deslocados fogem a pé ou em reboques sobrecarregados.
A evacuação, que envolve área de 117 quilômetros quadrados – um terço da Faixa de Gaza – é a maior desde o início da ofensiva, em outubro, alertou nessa terça-feira o Gabinete das Nações Unidas para Assuntos Humanitários.
O último hospital em funcionamento na área, o Hospital Europeu de Gaza, que abrigava tanto famílias deslocadas quanto pacientes, foi também evacuado.
“Disseram-nos para evacuar o Hospital Europeu. Viemos para o Hospital Nasser, mas estava cheio”, disse à Reuters Ali Abu Ismehan, com as duas pernas quebradas após ataque israelense. “Estou na rua, esperando que me arranjem um lugar dentro (do hospital)”.Em Khan Younis, a falta de abrigos e tendas levou muitas famílias a dormirem na estrada.
A cidade de Deir Al-Balah está repleta de centenas de milhares de palestinos forçados a fugir de suas casas em outras áreas de Gaza e os moradores se queixam da escassez de água potável e dos preços inflacionados dos alimentos básicos.
“Não há água potável para beber. Somos obrigados a comprar água suja ou impura a preço elevado”, contou à agência Reuters um morador de 47 anos, pai de cinco filhos.
“A maioria dos deslocados sofre de dores abdominais e doenças devido à água, à falta de comida decente e à poluição, pois muitos vivem perto de esgotos”, acrescentou.
A ofensiva lançada por Israel já matou cerca de 38 mil pessoas desde 7 de outubro, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza.
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Agência Brasil