O Ministério da Justiça da Coreia do Sul informou, nesta segunda-feira (9), que proibiu o presidente Yoon Suk-yeol de viajar para o estrangeiro enquanto estiver sob investigação devido à imposição da lei marcial, na semana passada.
Durante audiência parlamentar, um funcionário dos serviços de imigração do Ministério da Justiça, Bae Sang-up, disse que a proibição já tinha sido assinada.
Pouco antes, na mesma sessão, o procurador-chefe do Gabinete de Investigação de Corrupção para Funcionários de Alto Nível, Oh Dong-woon, afirmou que tinha solicitado a proibição.
O gabinete, conhecido como CIO, é um dos vários órgãos de segurança e judiciais, incluindo o Ministério Público e a polícia, que investigam as circunstâncias em torno da imposição da lei marcial por parte de Yoon.
Horas antes, a imprensa local tinha informado que a polícia sul-coreana considerava também a possibilidade de proibir o presidente de viajar para o estrangeiro, enquanto investiga denúncias de acusação traição, rebelião e abuso de poder.
O principal partido da oposição da Coreia do Sul classificou a imposição da lei marcial por parte de Yoon como “rebelião inconstitucional e ilegal ou golpe”.
O Partido Democrático (PD) apresentou queixas à polícia contra pelo menos nove pessoas, incluindo Yoon e o ex-ministro da Defesa.
Os procuradores sul-coreanos detiveram no domingo o ex-ministro da Defesa Kim Yong-hyun, que teria recomendado que Yoon declarasse a lei marcial.
Embora o presidente tenha imunidade contra processos judiciais enquanto estiver na função, o mesmo não se aplica a denúncias de rebelião ou traição.
Também hoje, a oposição criticou o Partido Popular do Povo (PPP), no poder, por se recusar a destituir Yoon.
“Por mais que tentem justificar, este é um segundo ato de rebelião e um segundo golpe, ilegal e inconstitucional”, disse Park Chan-dae, líder parlamentar do PD.
No sábado (7), Yoon escapou por pouco de uma primeira moção de destituição, submetida ao Parlamento. O PPP boicotou e invalidou a votação por falta de quórum.
Em comunicado, o PPP afirmou ter obtido, em troca do bloqueio da moção, a promessa de que Yoon se retiraria para deixar o governo do país à sua formação e ao primeiro-ministro.
“Mesmo antes da retirada, o presidente não interferirá nos assuntos de Estado, nem nos assuntos externos”, certificou o líder do PPP, Han Dong-hoon, no domingo.
O presidente do Parlamento sul-coreano, Won Woo-shik, disse que “o exercício conjunto da autoridade presidencial pelo primeiro-ministro e pelo partido no poder é clara violação da Constituição”.
Para Kim Hae-won, professor de direito constitucional na Escola Nacional de Direito de Busan, esse acordo é semelhante a um “golpe de Estado silencioso”.
Ontem, o PD anunciou que vai tentar novamente destituir o presidente, no dia 14 de dezembro.
Yoon proclamou a lei marcial em 3 de dezembro, medida que foi suspensa seis horas depois.
*É proibida a reprodução deste conteúdo.
Agência Brasil