A psicóloga Joyce Gomes e a vice-diretora da Escola Municipal Presidente Kennedy, Laedna Maria, participaram na segunda-feira (14) do programa Sidney Silva, na Rádio Seridó FM, e falaram sobre o projeto “Saúde Mental nas Escolas”, desenvolvido pela Cáritas Diocesana de Caicó, com financiamento do Fundo da Infância e Adolescência (FIA). A iniciativa tem como principal objetivo prevenir casos de autolesão e tentativas de suicídio entre adolescentes nas escolas da cidade.
Atualmente, o projeto atende 10 instituições de ensino, sendo 6 estaduais e 4 municipais. Joyce Gomes destacou que a proposta surgiu a partir da constatação dos altos índices de tentativas de suicídio entre jovens em Caicó e no Seridó. “A gente entra nessas escolas a fim de realmente prevenir, fazendo escutas, acolhimentos com a psicologia e com o serviço social, tanto de forma individual quanto com ações coletivas”, explicou.
Com uma equipe composta por psicólogos, assistentes sociais e estagiárias, o projeto realiza diagnósticos nas escolas para identificar os principais fatores que afetam a saúde mental dos estudantes. Após essa etapa, são desenvolvidas atividades preventivas sobre temas como ansiedade, autoestima, bullying, metas de vida, emoções e até o impacto do Enem.
Preocupação com o uso excessivo de celulares
Durante a entrevista, a psicóloga também abordou a dependência digital dos estudantes. Segundo ela, muitos adolescentes se mostram emocionalmente abalados quando são privados do celular, revelando uma relação preocupante com o mundo virtual. “É muito triste ver crianças e adolescentes que dizem que os únicos amigos que têm são os virtuais. Isso mostra que a realidade em que vivem não está sendo suficiente”, lamentou Joyce. Ela também chamou atenção para o uso excessivo do celular durante a noite, sem supervisão dos pais, o que contribui para quadros de ansiedade e dificuldade para dormir.
Atendimento psicológico e acompanhamento contínuo
Joyce explicou que, quando os casos são identificados pelas escolas, a equipe do projeto é acionada para prestar atendimento psicológico. Em situações mais delicadas, os profissionais passam a acompanhar os alunos de forma contínua, estabelecendo diálogos com a família e com a gestão escolar. “Nos preocupamos em entender o que está por trás daquele sofrimento. Por que aquela criança ou adolescente está se mutilando ou pensando em tirar a própria vida. É um trabalho de escuta, orientação e acolhimento”, detalhou.
O projeto “Saúde Mental nas Escolas” está em execução há 11 meses e vai continuar em 2025. A ação se tornou uma importante ferramenta de apoio emocional e prevenção nas instituições de ensino de Caicó.