Em Natal desde 2008, quando ainda havia os impactos do estouro da bolha do mercado imobiliário nos EUA, a MRV fincou a sua bandeira no Rio Grande do Norte e não saiu mais. Quando a penúltima das grandes incorporadoras nacionais que invadiram o mercado local deu adeus ao mercado potiguar, a companhia não arredou o pé nos anos seguintes de paralisia de lançamentos.
Nem o crescimento de 40% nos custos da construção civil em 2021/22 de pandemia fez a MRV deixar o RN, seguindo a debandada geral de anos antes, mesmo diante de resultados contábeis de queda nas vendas. Hoje, com a volta a todo o vapor do programa Minha Casa Minha Vida, o primeiro semestre de 2023 já insinua que quem é grande jamais perde a majestade.
Nessa trajetória de recuperação de volume de negócios e de margem de lucro da empresa, está o trabalho de Patrícia Pessoa, a gestora executiva de Desenvolvimento Imobiliário da MRV no Nordeste. Foi com ela que o Agora RN conversou esta semana.
Patrícia Pessoa fala sobre a repercussão do Minha Casa Minha Vida
AGORA RN: Quem é Patrícia Pessoa no contexto da MRV?
Patrícia Pessoa: Sou gestora executiva de Desenvolvimento Imobiliário no Nordeste. Hoje, atuo em quatro estados – Maranhão, Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte. Tenho 45 anos, arquiteta de formação, nascida em Fortaleza, e atuo no mercado imobiliário há 18 anos. Nos últimos oito anos, desses 18, tenho trabalhado especificamente no segmento popular, há três anos estou na MRV com a missão de ampliar os negócios desses quatro estados e, ao longo dos anos, ir promovendo um crescimento na oferta de moradias, principalmente para os clientes com perfil de primeiro imóvel. Também temos a missão de promover o desenvolvimento das cidades de forma organizada, levando infraestrutura de pavimentação, água e esgoto para os bairros onde implantamos os nossos empreendimentos.
AGORA RN: A MRV chegou ao RN em 2008, poucos meses depois do estouro da crise imobiliária americana. Está aqui desde então, mesmo depois da saída de grandes incorporadoras nacionais do mercado local a partir de 2013. Qual foi a leitura da empresa na época e qual é agora depois do impacto econômico que foi a pandemia do coronavírus?
Patrícia Pessoa: Sabemos que a pandemia foi um momento relevante para o mercado imobiliário, que de forma surpreendente teve mais busca do que o imaginado. No caso da MRV, tivemos um movimento contrário ao mercado de varejo, pois a procura por imóveis naquele momento aumentou bastante, uma vez que as pessoas começaram a valorizar mais ainda as suas residências.
E esse movimento de procura e de valorização da casa própria vem se mantendo até o momento atual. O mercado imobiliário de Natal permanece em expansão e a MRV, assim como os demais players, entende que ainda haverá muita procura por imóveis. Nesse sentido, pretende manter o patamar de atuação na cidade para estar preparada para atender a demanda desse público que procura sua primeira moradia. O cenário com as melhorias no programa Minha Casa, Minha Vida é bastante otimista e promissor.
AGORA RN: Aliás, a MRV sempre apostou no Minha Casa Minha Vida desde os primórdios do programa. Com o foco do novo governo nessa linha, quais as expectativas da empresa do ponto de vista construtivo e comercial para o Natal?
Patrícia Pessoa: As cidades do Nordeste devem ser bastante beneficiadas com as novas regras do programa, uma vez que tivemos atualizações nos tetos para aquisição do imóvel e taxas de juros de acordo com a faixa de renda de cada cliente. Isso tornou o acesso ao imóvel uma realidade para boa parte da população. Atualmente, temos 92% do nosso estoque enquadrado no programa.
Assim sendo, houve um aumento na procura por imóveis em todas as cidades depois do anúncio das novas regras do Minha Casa, Minha Vida. Além de notar uma alta de 54% na busca nacional em julho, se comparado ao mesmo período do ano anterior, também se constatou uma crescente de 88,08% dos prospects da construtora no estado do Rio Grande do Norte. Em Natal não será diferente, também deve haver um incremento de oferta de imóveis na região metropolitana, de modo que consigamos ofertar produtos adequados para todos os públicos.
AGORA RN: Qual é a situação atual do landbank (banco de terrenos) da MRV na região metropolitana de Natal e para que regiões estão destinadas as apostas para lançamentos futuros?
Patrícia Pessoa: A MRV tem um landbank bem estruturado, nosso planejamento sempre trabalha com uma perspectiva de cinco anos de operação. Os movimentos no programa Minha Casa, Minha Vida já eram esperados pelo mercado, de forma que conseguimos nos antecipar e estruturar nossas aquisições de terrenos de forma a atender a demanda. Não temos foco de atuação em uma região só, entendemos que pelo portfólio de produtos que temos hoje, somos capazes de atuar em diversas regiões simultaneamente.
Agora RN: Poderia nos relembrar os passos da construtora no RN em termos de unidades (m²) construídas e VGV médio dos projetos?
Patrícia Pessoa: A MRV atua no estado do Rio Grande do Norte desde 2008, atualmente nas cidades de Natal e Parnamirim. Nesse tempo, já entregamos mais de 7.300 chaves e lançamos 21 empreendimentos, com VGV (Valor Geral de Vendas) médio de R$ 52,9 MM. Além disso, investimos mais de R$ 11 milhões em urbanização e geramos por volta de 21 mil empregos diretos e indiretos no estado.
AGORA RN: Com o recém-aprovado Plano Diretor após um atraso de muitos anos, Natal deve se verticalizar em áreas da cidade até então pouco exploradas e fora da lista das regiões adensáveis. A MRV revisou os planos a partir disso?
Patrícia Pessoa: Um ano antes da efetiva aprovação do Plano Diretor, revisamos todo o nosso landbank, de forma que estivéssemos preparados para atender aos novos requisitos e potencializar os nossos terrenos. O objetivo sempre é encontrar um formato de produto que atenda às necessidades do nosso cliente e que consigamos ter eficiência construtiva, tanto para comprar o terreno quanto para fazer a obra no formato mais econômico, tendo o menor custo e assim oferecendo o produto a um valor mais competitivo para o mercado.
AgoraRN