Os Estados Unidos vão transferir para a Ucrânia milhares de armas iranianas e vários lotes de munições apreendidas. A decisão, anunciada nesta quarta-feira (4), deverá ajudar a aliviar a falta destes equipamentos entre as forças militares de Kiev, apesar de não responder aos pedidos de armas de longo alcance e sistemas de defesa aérea.
Segundo o Comando Central dos Estados Unidos (Centcom), responsável pelas relações militares com outras nações, na segunda-feira (2) foram já transferidas mais de um milhão de munições iranianas apreendidas para a Ucrânia.
“O Governo obteve estas munições em 20 de julho de 2023 através de ações de apreensão do Departamento de Justiça contra o Corpo de Guarda Revolucionária Islâmica do Irã”, informou a entidade em comunicado.
Em julho, o Departamento de Justiça dos EUA tinha anunciado que pretendia confiscar “mais de 9 mil espingardas, 284 metralhadoras, aproximadamente 194 lançadores de foguetes, mais de 70 mísseis antitanque e mais de 700 mil munições” apreendidos no Irão pela Marinha dos EUA.
Essas munições “foram originalmente apreendidas pelas forças navais Comando Central dos Estados Unidos quando se encontravam a bordo do navio MARWAN entre 1 e 9 de dezembro de 2022”, que seriam transferidas para o movimento Houthi no Iêmem, “numa clara violação da Resolução 2216 do Conselho de Segurança das Nações Unidas”.
O episódio não foi inédito. A Marinha norte-americana apreendeu no último ano milhares de armas iranianas de navios com destino ao Iêmen. A meio de janeiro, os Estados Unidos apoiaram França na apreensão de 3.000 armas e 23 mísseis que tinham o Iêmem como destino. Há vários meses a Administração Biden procurava uma forma de enviar legalmente para a Ucrânia as armas apreendidas, até agora armazenadas nas instalações do Centcom no Oriente Médio.
“No final das contas, a Ucrânia precisa de fornecimentos de armas para apoiar o seu esforço de guerra. E apesar de [o envio de armas iranianas] não ser uma solução para todas as necessidades militares da Ucrânia, pode fornecer um apoio importante”, explicou à CNN Internacional Jonathan Lord, diretor do programa de segurança para o Oriente Médio.
O especialista lembrou que, desde o início da guerra, drones iranianos têm sido usados pelos militares russos para “atacar e assassinar civis ucranianos”, pelo que há agora “uma justiça poética no fato de a Ucrânia usar armas iranianas apreendidas para defender o seu povo contra a invasão e abusos russos”.
Entretanto, a Ucrânia disse nesta quarta-feira esperar até ao final deste ano os primeiros “resultados” da produção conjunta de sistemas de defesa aérea com os Estados Unidos.
Oleksandr Kamyshin, ministro das Indústrias Estratégicas, disse em uma entrevista a um órgão de comunicação ucraniano que os dois países começaram a trabalhar na produção conjunta após a visita de uma delegação ucraniana a Washington no mês passado.
“Durante a nossa visita aos Estados Unidos, recebemos não apenas mais uma garantia de apoio financeiro e militar contínuo, mas também uma vontade de trabalhar na produção conjunta de sistemas de defesa aérea”, avançou Kamyshin.
O responsável disse ainda que os primeiros resultados da produção conjunta serão visíveis até ao final de 2023, sem especificar se o primeiro sistema construído em conjunto estará pronto até lá.
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Agência Brasil