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Comunidade israelita no RN sofre em meio a ataques do Hamas: “Muita dor”

Flávio Hebron, presidente da Comunidade Israelita no Rio Grande do Norte - Foto: Reprodução / Facebook
Flávio Hebron, presidente da Comunidade Israelita no Rio Grande do Norte - Foto: Reprodução / Facebook

Os conflitos armados entre Israel e o grupo terrorista Hamas tiveram reflexos diretos com moradores do Rio Grande do Norte. Além dos potiguares que estavam em Israel, outros que permaneceram aqui no estado são afetados diretamente pelos ataques vivenciados desde o dia 7 de outubro. De acordo com a Comunidade Israelita no RN (CIRN), pelo menos 150 pessoas que vivem em Natal e Tibau sofrem consequências diretas, já que possuem parentes vivendo naquela região.

“Nós temos sofrido basicamente em dois aspectos, que são os mais relevantes. Primeiro, a dor e a tristeza pelo que aconteceu dia 7 de outubro e pelo que está acontecendo. Isso nos causa muita dor, temos vários componentes adoecidos, com depressão, com melancolia, tristeza. Também pelo fato de termos algumas famílias residindo em Israel. A preocupação é em geral, mas também com nossos familiares”, contou Flávio Hebron, presidente da Comunidade Israelita no Rio Grande do Norte.

Ele mesmo contou que tem parentes vivendo em Tel Aviv, uma das cidades mais importantes de Israel, considerada a capital econômica do país. “Tenho família que reside em Tel Aviv, que está sendo atingida, mas não houve necessidade de remoção. Até porque as casas e os prédios dispõe de bunker, onde os mísseis mesmo atingindo preservam as vidas”, afirmou. 

No entanto, ele aponta que familiares e amigos de potiguares que vivem mais ao sul de Israel enfrentam maior tensão.

“Parte de uma família que reside aqui em Natal, moram em Beersheva, capital do Sul, cerca de 70 km da Faixa de Gaza e está dentro do limite dos mísseis que eles jogam de Gaza. Estão fisicamente bem. Não sofreram nenhuma ação física. Por estar mais distante da fronteira, não chegou a ser atingida nos eventos do dia 7 de outubro”, contou.

Comunidade Israelita vivendo no RN

Segundo Hebron, as cerca de 150 pessoas da comunidade israelita que vivem no RN têm características específicas. “São 18 famílias que nasceram ou se converteram ao judaísmo. E em torno de 45 famílias eram pessoas cristãs, que voltaram ao judaísmo ao descobrir que seus antepassados eram judeus e foram perseguidos e obrigados a se converter ao cristianismo durante o período colonial com a inquisição em Portugal. Estas famílias estão em processo de retorno ao judaísmo. São pessoas completamente integradas à comunidade e cumprem com todas as obrigações da religião judaica”, pontuou.

Segundo o presidente da comunidade, há boa relação com pessoas de outras religiões e etnias. “Fazemos parte de um grupo de religiões que dialogam, conversam, um Comitê inter-religioso do RN, fazemos parte e nos relacionamos com o pessoal da Associação Muçulmana, da Mesquita de Natal. Já nos visitaram na última páscoa neste ano, foram nossos convidados de honra. Nunca tivemos problema como no resto do Brasil também. Os judeus brasileiros vivem de uma forma muito pacífica”, relatou.

Ele também contou que mesmo em uma sociedade plural, ainda convivem com o antissemitismo – comportamento que define a aversão a povos de origem judaica. “Obviamente que existe pontualmente antissemitismo. E a gente não foge disso aqui. A gente sabe que tanto a extrema-direita, quanto a extrema-esquerda são antissemitas. A extrema-direita tem tendências mais nazistas, a extrema-esquerda stalinistas, mas os dois extremos são muito parecidos. Não gostam de judeus”, disse.

HAMAS. O presidente da comunidade judaica disse que nem toda a problemática tem sido evidenciada. Um exemplo foi o porquê das mortes de civis em ataques israelenses.

“Mas a gente sabe que o problema é que depois do ataque vem a resposta, vem o contra-ataque. […] O que Israel faz antes de atacar? Todo ataque, antes de acontecer, jogam panfletos dos aviões e Israel tem acesso aos telefones das pessoas, ligam e orientam a sair do local. O Hamas não permite a evacuação dos seus civis destes locais. Então quem é o culpado? O Hamas é o culpado por manter sua população, que deveria defender, como escudo. Quando há mortes civis, o mundo não acusa o Hamas de prender estas pessoas como escudo humano onde estão os arsenais deles”, narrou.

Hebron também teme perda de apoio a Israel após o início de operações de guerra em solo. “Esse apoio maciço a Israel tende a se reduzir em função das perdas civis que certamente vão acontecer em função de o Hamas manter sua população civil como refém. Não só os reféns judeus que eles sequestraram e que estão lá”, apontou.

Para o presidente da comunidade israelita no RN, há uma distância enorme até um caminho de paz para a região.

“As pessoas estão cansadas de guerra, de ódio e matança. Mas, infelizmente, como fazer a paz com um povo que não quer a paz e que quer destruir você? Essa é a grande dificuldade. É um grande problema. O Hamas não aceita. O Fatah aceitou. No início dos anos 2000 houve uma eleição e o Hamas ganhou. Aí o acordo todo foi cancelado. Então que paz é essa? Não é nunca uma paz definitiva. Se não houver um consenso definitivo no sentido de que vai haver paz e o acordo vai ser respeitado independente do partido que ganhe uma eleição”, finalizou.

AgoraRN

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