Um cenário da saúde cardíaca tem chamado a atenção do cardiologista especialista em marca-passo, Dr. Ormuz Dumont, que destaca o aumento significativo de doenças de coração entre os jovens. Ao longo de sua carreira, Dumont observou uma mudança no perfil dos pacientes, passando de uma média de idade acima dos 40 anos para casos preocupantes já aos 35 anos.

“Antigamente, via pacientes na média acima de 40 anos, hoje já é 35 anos, e já vemos mais jovens que isso”, disse o médico, que é membro do Centro de Pesquisa e do Núcleo de Avaliação de Tecnologias de Saúde da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC/UFRN).

Dumont enfatiza que, mesmo diante de predisposições genéticas, o desenvolvimento de uma doença cardíaca é moldado pelos comportamentos adotados ao longo da vida. O cardiologista ressalta a importância de uma abordagem holística para a saúde, envolvendo atividade física, dieta equilibrada, sono adequado e higiene mental.

“É importante integrar hábitos, para não focar só em uma atividade. A pessoa precisa fazer atividade física, dieta, dormir bem e ter uma boa saúde mental. Todo exercício físico pode ser treinado para ir até onde você quer, mas se você partir do zero para uma atividade que você não tem capacidade, aí você pode ter arritmia, mal-estar. Porém, se você se prepara, principalmente com um educador físico, um indivíduo que tem doença nas coronárias pode ficar muito bem preparado, isso de forma gradativa”, explicou.

De acordo com ele, as enfermidades cardíacas mais comuns nos dias de hoje incluem hipertensão, doença coronariana e distúrbios de colesterol. De acordo com o especialista, essas condições estão intrinsecamente ligadas a uma má qualidade de vida, resultante de hábitos prejudiciais.

“Os principais motivos para gerar hipertensão são três: genética, obesidade e dieta rica em sal”, exemplificou. Diante desse quadro, Dumont enfatiza a importância de buscar assistência profissional ao primeiro sinal de problemas cardíacos, visando a implementação de mudanças nos hábitos de vida.

Hipertensão cresce entre brasileiros

Nos últimos anos, a incidência da hipertensão aumentou de forma significativa no Brasil. Relatório publicado pelo Ministério da Saúde no ano passado apontou que o número de adultos com diagnóstico médico de hipertensão aumentou 3,7% em 15 anos no Brasil. Os índices saíram de 22,6% em 2006 para 26,3% em 2021. O relatório mostra ainda um aumento na prevalência do indicador entre os homens, variando 5,9% para mais.

De acordo com o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), de 2010 a 2020, foram registradas 551.262 mortes por doenças hipertensivas, sendo 292.339 em mulheres e 258.871 em homens. A “pressão alta”, quando não controlada, leva a complicações como insuficiência cardíaca, insuficiência renal e acidente vascular cerebral, contribuindo de forma expressiva para a perda de anos de vida saudável na população.