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Solidariedade, sempre; leia a coluna do advogado Erick Pereira

Ato de solidariedade no período natalino. Foto: Ilustrativa/Reprodução.
Ato de solidariedade no período natalino. Foto: Ilustrativa/Reprodução.

Não se contam tantas gerações, que os dezembros eram percebidos como uma época ansiada, pelo simbolismo de ser o último mês do ano, uma espécie de trégua, ou pela comemoração do nascimento de Cristo, quando nos consentíamos a seguir os ritmos dos que reverenciam preceitos e dogmas cristãos.

Hoje, a esses nostálgicos que ainda se acham entre nós, somam-se muitos céticos, agnósticos, desencantados, ou vergados aos valores efêmeros e bens materiais. As longas filas nos shoppings, o frenesi do consumismo e as celebrações apressadas à guisa de reencontros demonstram que os dezembros perderam muito a magia de outrora. Nem a fé que ainda subsiste em muitos, nem os símbolos, cânticos e alegorias parecem avivar o real significado do Natal nas mentes daqueles que cultivam expectativas fátuas de felicidade. Um significado que, à luz da fé, remete à confiança numa narrativa que subsiste há mais de dois milênios, inspirando aqueles que desejam paz às pessoas de boa vontade por Ele amadas.

Mais que os outros meses do ano, os dezembros se revestem de ânsias e paradoxos. É quando tendemos a nos esperançar, a prosseguir na crença que o próximo ciclo será melhor, reacender os bons instintos da nossa suspeitosa natureza, acreditar que somos de fato essas pessoas de boa vontade, dotadas de bons sentimentos – alegria, empatia, otimismo, piedade, solidariedade – e práticas que, ao menos, transitoriamente, apascentarão nossas consciências e reforçarão a crença em dezembros venturosos. Do mesmo modo, é natural que relevemos incertezas e contradições que questionam nosso senso de realidade, acolhamos com ardor essa trégua passageira e fechemos os olhos para a sombra do sisudo janeiro que se avizinha.

Mas, como a utilidade parece ser o bem mais perseguido pela humanidade, pessimismo este compartilhado por filósofos impiedosos na análise da natureza humana, a mendicidade aumentada das ruas a cada dezembro serve para transmitir lições a quem se disponha a pensar sobre tal fenômeno.

Hume admitiu que aprendeu a servir o próximo sem qualquer espécie de bondade genuína, pois previu a retribuição assentada na expectativa de receber novos serviços, e de manter boas relações com os outros. Já Hobbes, em ácida autocrítica, explicou a esmola dada a um mendigo como algo que também o aliviava.

Por sua vez, a seleção natural de Darwin foi mais indulgente conosco que algumas filosofias. Biólogos e economistas têm constatado que a sociedade é mais que um acordo entre indivíduos conflitantes, de forma que é possível planejar uma que estimule os bons instintos, que fomente o bem e a boa reputação da cooperação, até por uma questão de melhor utilidade, de sobrevivência mais duradoura.

A cooperação subsiste como estratégia em nome de um altruísmo digno de uma fé ou da fria racionalidade da sobrevivência. Portanto, devemos considerar a humana conveniência de práticas filantrópicas, especialmente aquelas que transcendem os dezembros, e dão suporte a ONGs, orfanatos, abrigos, hospitais, associações, a exemplo da Adote, APAE, Armazém da Caridade, CACC, Casa do Bem, Casa Bezerra de Menezes, CVV, GACC, o Juvino Barreto, a Liga Contra o Câncer, o Varela Santiago e tantos outros. A paz social está a exigir compromissos com a humanidade, com a solidariedade do espírito natalino que se faça presente em todos os dias do ano. Feliz Natal e próspero 2024 para todas as pessoas de boa vontade.

Erick Pereira é professor e advogado.

AgoraRN

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