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Groenlândia perdeu área de gelo equivalente à da Albânia

A Groenlândia perdeu, nos últimos 30 anos, gelo e glaciares de uma área equivalente ao tamanho da Albânia e onde atualmente existem rochas, pântanos e arbustos, indica um estudo de pesquisadores da Universidade britânica de Leeds.

As conclusões da investigação foram divulgadas nesta terça-feira (13) na revista Scientific Reports, em um artigo intitulado Mudanças na Cobertura do Solo na Groenlândia em Três Décadas Marcadas por uma Duplicação da Vegetação.

De acordo com uma análise de dados obtidos por satélite, calcula-se que derreteram nas últimas três décadas 28.707 quilômetros quadrados da camada de gelo e glaciares da Groenlândia, área equivalente ao tamanho da Albânia (ou ao estado brasileiro de Alagoas) e que “representa cerca de 1,6% da cobertura total de gelo e glaciares” da ilha.

“Onde antes havia gelo e neve, há agora rochas áridas, pântanos e áreas de arbustos”, diz um comunicado divulgado pela Universidade de Leeds.

Uma equipe de cientistas da universidade, que acompanhou as mudanças na Groenlândia desde a década de 1980 até à década de 2010, afirma que as temperaturas mais quentes do ar estão causando degelo, o que, por sua vez, está impactando a temperatura da superfície terrestre, as emissões de gases com efeito estufa e a paisagem.

O permafrost – uma camada de solo permanentemente congelada – está se deteriorando devido ao aquecimento e os cientistas alertam que, em algumas áreas, poderá ter impacto nas infraestruturas e nas comunidades locais.

A Groenlândia, situada na região do Ártico, é a maior ilha do mundo com cerca de 2,1 milhões de quilômetros quadrados, a maior parte dos quais cobertos por gelo e glaciares, e uma população de quase 57 mil pessoas.

“Desde a década de 1970, a região tem aquecido o dobro da taxa média mundial. Entre 2007 e 2012, as temperaturas médias anuais do ar foram três graus Celsius mais altas, em comparação com a média de 1979 a 2000”, segundo o comunicado, que adianta que os pesquisadores alertam para a possibilidade de temperaturas mais extremas no futuro.

A perda de gelo concentrou-se nas extremidades dos glaciares atuais, e também no norte e sudoeste da Groenlândia, tendo-se registado ainda altos níveis de perda de gelo em áreas localizadas no oeste, centro noroeste e sudeste.

Ao longo das três décadas, a área com vegetação aumentou 87.475 km², mais do que duplicando durante o período estudado.

“Temos visto sinais de que a perda de gelo está desencadeando outras reações que resultarão em uma maior perda de gelo e em uma Groenlândia mais verde, o derretimento do gelo expõe rochas ocupadas pela tundra e depois por arbustos”, diz Jonathan Carrivick, da Faculdade de Meio Ambiente de Leeds e um dos autores do estudo, citado no comunicado.

“Ao mesmo tempo, a água liberada pelo derretimento do gelo está movendo sedimentos e lodo, o que forma áreas úmidas e pântanos.”

Sendo a neve e o gelo bons refletores da energia do Sol que atinge a superfície da Terra, o que ajuda a manter o planeta mais frio, a sua substituição pela rocha, que absorve mais energia solar, vai aumentar a temperatura da superfície terrestre.

Da mesma forma, à medida que o gelo derrete, aumenta a quantidade de água nos lagos e o fato de a água absorver mais energia solar do que a neve também causa um aumento da temperatura.

A análise mostra uma quase quadruplicação das zonas úmidas – fonte de emissões de metano, gás que causa efeito estufa – em toda a Groenlândia, particularmente no leste e no nordeste.

No artigo, os pesquisadores observam que “a expansão da vegetação e especialmente das zonas úmidas indica, mas também agrava, o degelo do permafrost (…), que aumenta as emissões de gases com efeito de estufa anteriormente armazenados nestes solos do Ártico”.

“A expansão da vegetação, que ocorre em conjunto com o recuo dos glaciares e da camada de gelo, está alterando significativamente o fluxo de sedimentos e nutrientes nas águas costeiras”, adianta Michael Grimes, principal autor do relatório.

O cientista considera que tais mudanças são graves, sobretudo para as populações indígenas, cujas práticas tradicionais de caça de subsistência dependem da estabilidade daqueles delicados ecossistemas.

“Além disso, a perda de massa de gelo na Groenlândia contribui muito para o aumento global do nível do mar, uma tendência que coloca desafios significativos tanto agora como no futuro”.

Os investigadores também desenvolveram um modelo para prever as áreas da Groenlândia que provavelmente irão sofrer no futuro mudanças “rápidas e acentuadas”.

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Agência Brasil

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