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Sindicato de Delegados de São Paulo emite nota de repúdio ao desfile da Vai-Vai

Desfile da escola de samba Vai-Vai no Grupo Especial do Carnaval de São Paulo 2024, no Sambódromo do Anhembi / Foto: Marcelo Fim
Desfile da escola de samba Vai-Vai no Grupo Especial do Carnaval de São Paulo 2024, no Sambódromo do Anhembi / Foto: Marcelo Fim

O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) emitiu, nesta segunda-feira (12), uma nota de repúdio contra a escola de samba Vai-Vai. Segundo a nota, o enredo apresentado na noite de sábado (10), no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo, atuou com escárnio a figura de agentes da lei.

A nota menciona a ala “Sobrevivendo no Inferno” e destaca o uso de chifres que remetiam à figura de um demônio e “demonizaram a Polícia”, motivo de “extrema indignação” por parte do Sindesp.

De acordo com o sindicado, o samba enredo afronta as forças de segurança pública, desrespeita e trata, de forma vil e covarde, profissionais abnegados que se dedicam, dia e noite, à proteção da sociedade e ao combate ao crime, muitas vezes, sob condições precárias e adversas, ao custo de suas próprias vidas e famílias.

“É de se lamentar que o Carnaval seja utilizado para levar ao público mensagem carregada de total inversão de valores e que chega a humilhar os agentes da lei”, destaca o sindicado.

O Sindpesp informa que não compactua a manifestação e presta solidariedade aos profissionais da segurança pública. “Estes, sim, verdadeiros heróis, que merecem homenagens, reconhecimento e mais respeito por parte da agremiação, para dizer o mínimo”, afirma.

Em nota, a Vai-Vai disse que o enredo do Carnaval deste ano “tratou-se de um manifesto, uma crítica ao que se entende por cultura na cidade de São Paulo, que exclui manifestações culturais como o hip hop e seus quatro elementos – breaking, graffiti, MCs e DJs”. “Além disso, o desfile buscou homenagear e dar vez e voz aos muitos artistas excluídos que nunca tiveram seu talento e sua trajetória notadamente reconhecidos”.

Segundo a escola, “nesse contexto, foram feitos, ao longo do desfile, uma série de recortes históricos, como a semana de arte de 1922 e o lançamento do álbum Sobrevivendo no Inferno, dos Racionais MCs, em 1997”. A nota ainda aponta que, de acordo com a revista Rolling Stone Brasil, “que ranqueou o álbum na 14ª posição da lista dos 100 melhores discos da música brasileira, ‘Sobrevivendo no Inferno colocou o rap no topo das paradas, vendendo mais de meio milhão de cópias. Racismo, miséria e desigualdade social — temas cutucados nos discos anteriores — são aqui expostos como uma grande ferida aberta, vide Diário de um Detento, inspirada na grande chacina do Carandiru’”.

“Ou seja, a ala retratada no desfile de sábado, da escola de samba Vai-Vai, à luz da liberdade e ludicidade que o Carnaval permite, fez uma justa homenagem ao álbum e ao próprio Racionais MCs, sem a intenção de promover qualquer tipo de ataque individualizado ou provocação, mas sim uma ala, como as outras 19 apresentadas pela escola, que homenageiam um movimento”, completa a escola.

“Vale ressaltar que, nesse recorte histórico da década de 1990, a segurança pública no estado de São Paulo era uma questão importante e latente, com índices altíssimos de mortalidade da população preta e periférica. Além disso, é de conhecimento público que os precursores do movimento hip hop no Brasil eram marginalizados e tratados como vagabundo, sofrendo repressão e, sendo presos, muitas vezes, apenas por dançarem e adotarem um estilo de vestimenta considerado inadequado pra época. Ou seja, o que a escola fez, na avenida, foi inserir o álbum e os acontecimentos históricos no contexto que eles ocorreram, no enredo do desfile”, finaliza a Vai-Vai.

Com informações da CNN Brasil

AgoraRN

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