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Conheça a história do Seridoense que, segundo a Polícia, coordena logística do PCC

O repórter Ícaro Carvalho assina matéria publica neste domingo (24), na Tribuna do Norte, sobre um potiguar natural de Jardim de Piranhas chegou à alta cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC) e tem coordenado, segundo denúncia e investigações do Ministério Público, a logística no tráfico internacional de drogas da facção criminosa da Bolívia para o Brasil. Seu nome é Valdeci Alves dos Santos, de 49 anos, réu na justiça de São Paulo  por uma série de crimes, como associação a organização criminosa e lavagem de dinheiro. Ele está listado na relação de criminosos mais procurados do País pelo Ministério da Justiça e é suspeito de lavar R$ 1 bilhão com outros companheiros de facção.

Conhecido na facção paulista como “Colorido”, “Prateado”, “Rapadura” ou “Vermelho”, Valdeci foi denunciado na “Operação Sharks”, que investigou a facção paulista entre junho de 2018 e setembro de 2020, mês em que o Ministério Público denunciou 19 integrantes do que seria uma nova cúpula do PCC. O Tribunal de Justiça de São Paulo tornou todos os denunciados réus, em outubro do ano passado, por ocultação de bens e valores e lavagem de dinheiro.

Segundo informações da denúncia do MP, a qual a reportagem da TRIBUNA DO NORTE teve acesso com exclusividade, Valdeci “tinha uma ativa participação no tráfico de cocaína do PCC, o que se constata pelas reiteradas referências ao ressarcimento de valores de drogas, fretes e armazenamentos em seu favor, constatado nas planilhas do setor financeiro”, diz a denúncia.

Dos R$ 1 bilhão movimentados pela facção criminosa com apoio de Valdeci, apenas R$ 200 milhões passaram pelo sistema financeiro em contas bancárias de laranjas e empresas fantasmas. Os valores, segundo o MP, seriam movimentados pela facção de forma fracionada, em compartimentos secretos de veículos e ocultando os recursos em casas-cofres.

De acordo com o documento, Valdeci estaria subordinado a outros dois sujeitos na escala hierárquica do PCC, Marcelo Moreira e Eduardo, integrantes da “sintonia final da rua” e que exerciam comando sobre o “Setor Financeiro” da organização criminosa.

Valdeci está foragido desde 13 de agosto de 2014, quando foi liberado do Centro de Progressão Penitenciária (CPP) de Valparaíso (SP), para a saída temporária de Dia dos Pais. Assim como ele, Odair Lopes Mazzi, 39, conhecido como “Argentina”, também foi beneficiado com o direito à saída temporária. Ambos não voltaram e estão foragidos desde então. A suspeita do Ministério Público é que Valdeci esteja na Bolívia negociando cocaína em nome do PCC, para envio ao Brasil.

De acordo com informações do jornal O Estado de S. Paulo, o potiguar “Colorido” e outros associados gerenciam uma frota de aeronaves e caminhões do PCC diretamente do país boliviano. A Bolívia, desde os anos 90, teria virado um refugio de traficantes brasileiros, incluindo o potiguar Valdeci Santos. Há suspeitas de que o traficante André Oliveira Macedo, o André do Rap, acusado de chefiar operações internacionais do PCC e solto em outubro do passado após habeas corpus do STF, esteja em contato com Valdeci e outros integrantes na Bolívia.

“O Colorido está foragido aqui de São Paulo há vários anos e é um dos líderes do PCC. Inclusive é um dos réus da Operação Sharks que coordenei em São Paulo em 2020”, explica o promotor do Ministério Público de São Paulo, Lincoln Gakyia, do Grupo de Atuação Especial ao Crime Organizado (GAECO-SP).

A operação – A Operação “Sharks” foi deflagrada pelo Ministério Público de São Paulo em setembro do ano passado e cumpriu 12 mandados de prisão e 40 de busca e apreensão emitidos contra membros do PCC.Além da aceitação da denúncia por parte da justiça de São Paulo, o o juiz Ulisses Augusto Pascolati Junior, da 1ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital, bloqueio judicial de R$ 72 milhões, sendo o valor de R$3,8  milhões referente a cada uma das 19 pessoas.

O bloqueio atingiu contas bancárias e ativos financeiros de 12 pessoas físicas e 23 pessoas jurídicas ligadas aos denunciados, por haver suspeita de atuarem como “laranjas” ou empresas de fachada para o grupo criminoso. Também foram sequestrados, por ordem judicial, 14 imóveis, alguns deles de luxo.

Registros – Em consulta aos sistemas judiciários do Rio Grande do Norte, a TRIBUNA DO NORTE observou que não há registros de condenações ou processos criminais contra Valdeci Alves dos Santos. Não há inquéritos policiais abertos contra o potiguar pela Polícia Civil do Estado.

Os registros criminais do potiguar são de lesão corporal, denúncias de datadas de 1993. Posteriormente, dez anos depois, foi acusado de outros crimes como tráfico, receptação, formação de quadrilha e falsidade ideológica. Até receber a saída temporária e não retornar mais à prisão, em 2014, Valdeci passou pelo menos 10 anos preso em unidades penitenciárias de São Paulo. Foi quando se vinculou ao PCC, participou de rebeliões e se tornou um dos nomes mais influentes na cadeia hierárquica da facção paulista, segundo o Ministério Público de São Paulo. 
Valdeci Alves dos Santos foi listado como um dos 26 criminosos mais procurados do Brasil numa plataforma lançada pelo Ministério da Justiça e da Segurança Pública (MJSP), em janeiro de 2020.

“Integrante da cúpula de organização criminosa paulista, é considerado um dos principais fornecedores de drogas para os estados da região Sudeste. Acredita-se que esteja vivendo na Bolívia e que seja um dos fornecedores de drogas para a facção no Brasil”, diz o Ministério.  A reportagem da TRIBUNA DO NORTE não conseguiu contato com a defesa de Valdeci Alves dos Santos.

Irmão de Valdeci foi preso como pastor do PCC – A ligação de Valdeci com o Primeiro Comando da Capital (PCC) tem outra ramificação criminosa em sua família. Isso porque seu irmão, o pastor evangélico Geraldo dos Santos Filho, 45 anos, foi preso em fevereiro de 2019 utilizando documentos falsos.

De acordo com as investigações, Geraldo utilizava o nome de José Eduardo Medeiros de Moura e estava foragido da Justiça desde 2006. Ele também é natural de Jardim de Piranhas, conforme apurou a reportagem com fontes do Ministério Público e da Polícia Civil do RN.

Geraldo foi preso em 20 de fevereiro de 2019, em Sorocaba, interior de São Paulo. De acordo com a Polícia Civil paulista, Geraldo utilizava documentos falsos para ter uma outra vida como pastor evangélico e tinha outras passagens criminais por tráficos de drogas, roubos e ligações com o PCC.

“O suspeito era procurado pela Justiça por tráfico de drogas em Bragança Paulista. Durante a abordagem policial, ele apresentou documento falso e foi preso em flagrante. Na delegacia, a autoridade policial registrou a prisão por  uso de documento falso e por cumprimento ao mandado de prisão contra o autor”, disse a Polícia Civil à TN.

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