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Comércio de bairro se fortalece na Zona Norte de Natal, aponta Fecomércio-RN

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Na avenida Pompeia, as lojas de roupas são as mais procuradas pelos consumidores; desenvolvimento do centro comercial atrai novos empreendedores para a região - Foto: José Aldenir/Agora RN

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Na avenida Pompeia, as lojas de roupas são as mais procuradas pelos consumidores; desenvolvimento do centro comercial atrai novos empreendedores para a região – Foto: José Aldenir/Agora RN

Em meio à onda de fechamento de comércio em pontos que antes eram bastante frequentados por turistas e moradores, novos locais surgem como grandes polos de movimentação financeira em Natal. A Zona Norte é apontada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado (Fecomércio RN) como um dos lugares que mais cresce na capital potiguar em questão comercial.

“Aqui eu encontro tudo”. Essa é a fala mais comum daqueles que passam pelas ruas das avenidas mais frequentadas da Zona Norte, chamadas comércios de bairros. A Avenida da Chegança e a Avenida Pompeia (Governador Antônio de Melo e Souza), por exemplo, reúnem diversas lojas, clínicas e supermercados, que oferecem produtos e serviços mais baratos.

Afrodite Lucena frequenta a Chegança há 20 anos e afirma que o comércio da Zona Norte cresce conforme o estilo de vida adotado pelos moradores da região. “Muita gente vem morar para esse lado e não precisa atravessar a ponte para comprar. Aqui tem tudo, e mais barato também. É o segundo Alecrim”.

Avenida da Chegança reúne lojas, clínicas, supermercados e outros estabalecimentos que oferecem diversos produtos e serviços, com preços mais baratos - Foto: José Aldenir/Agora RN
Avenida da Chegança reúne lojas, clínicas, supermercados e outros estabalecimentos que oferecem diversos produtos e serviços, com preços mais baratos

Mesmo com uma grande variação de produtos, a avenida da Chegança é dominada pelas lojas de roupas. Vendedora da Julia Fashion há oito anos, Michele diz que apesar de muitas lojas estarem fechando em Natal, ela percebe que o comércio da Zona Norte segue uma onda de crescimento. “O movimento não está tão grande como no ano passado, mas creio que vai melhorar. Durante o ano, os meses de melhores vendas são junho, julho, outubro e dezembro, pois são períodos de festa”.

Além disso, a vendedora aponta que, mesmo com grande parte dos clientes fixos sendo da Zona Norte de Natal, a loja recebe indicações de clientes de outras regiões do Rio Grande do Norte. “Já tivemos clientes de lugares como Pipa, Zumbi…”, exemplificou.

Novos empreendimentos surgem a todo momento na região. A família de dona Berenice inaugurou, na avenida da Chegança, o Quiosque da Sol neste mês de setembro e trouxe o desejo de crescer o próprio negócio após dificuldades financeiras. Ela, que antes fazia lanches em casa para vender, espera que o comércio cresça. “Está ficando ficando igual ao Alecrim, o comércio da Chegança está crescendo cada vez mais e também é perto de casa. Mesmo com pouco tempo aberto, a gente percebe que o Quiosque está dando certo, com a expectativa de melhorar ainda mais as vendas”, contou.

Dona Berenice abriu quiosque para vender salgados na Avenida da Chegança - Foto: José Aldenir/Agora RN
Dona Berenice abriu quiosque para vender salgados na Avenida da Chegança – Foto: José Aldenir/Agora RN

Pompeia

Há um ano na Pompeia, Eduarda Roberta, dona da Barraca do Barro, que vende produtos artesanais, conta que escolheu instalar o próprio negócio na avenida pelo potencial comercial. “Eu não tenho concorrência aqui na Pompeia, minha loja aqui é única, as pessoas já vêm procurando alguma coisa específica”, relatou.

A lojista comenta que os moradores da região não veem mais necessidade de se deslocar para outros locais da cidade. “O público não vai mais sair da Zona Norte para ir para a Cidade Alta, porque tem tudo aqui na Pompeia. Então o público ficou aqui, porque aqui tem tudo, lotérica, supermercado, shopping, a questão de estacionar aqui é melhor, diferente da Cidade Alta e do Alecrim, e os preços são compatíveis”, frisou.

Ana Santana mora na Av. Pompeia e decidiu abrir pequena loja de redes na própria casa - Foto: José Aldenir/Agora RN
Ana Santana mora na Av. Pompeia e decidiu abrir pequena loja de redes na própria casa – Foto: José Aldenir/Agora RN

Na avenida, as lojas de roupas são as mais procuradas pelos clientes. O gerente da loja A Belíssima, Herbert Lima, diz que é possível observar o desenvolvimento do lugar nos últimos anos. “Se você pega a Pompeia nos últimos cinco anos, era bem diferente, pois havia poucas lojas. Já ampliou bastante, veio supermercado, comércios novos e mais fortes”. O gerente da loja ainda apontou que quando chega o período de fim de ano, como os meses de novembro e dezembro, a procura cresce e consequentemente as vendas aumentam.

Ana Santana, moradora da Pompeia, decidiu aproveitar a oportunidade de desenvolvimento e abriu um comércio de variedades, especialmente redes, na frente da própria casa. “Esse meu comércio chama muita atenção porque eu tenho redes e eu exponho, então o pessoal passa e já vê, principalmente no horário de pico, que é muito movimentado”, disse ela. Ela disse que vê a Pompeia como um “segundo Alecrim”, por causa da presença de estabelecimentos de diferentes nichos que chamam a atenção de moradores de todas as partes da cidade.

Crescimento da região é notório, diz Marcelo Queiroz

A Zona Norte de Natal concentra a maior parte da população da capital potiguar, registrando uma intensa atividade comercial. Para a Fecomércio RN, o diferencial dos negócios dessa região é a origem do consumidor, que tem uma relação mais próxima com o comércio.

“Entendemos que a situação que vem ocorrendo na Cidade Alta é fruto de uma série de transformações do comportamento do consumidor. Com o comércio eletrônico ganhando cada vez mais força e tantas mudanças na mobilidade urbana, como a popularização dos aplicativos de carona e alterações nas linhas de ônibus, muitas das grandes lojas migraram para outros lugares da capital, bem como tem havido um fortalecimento dos centros de compras de bairro. Esse crescimento é notório na Zona Norte”, apontou Marcelo Queiroz, presidente da Fecomércio.

Marcelo Queiroz: Diferencial da Zona Norte é a proximidade com moradores - Foto: José Aldenir/Agora RN
Marcelo Queiroz: Diferencial da Zona Norte é a proximidade com moradores – Foto: José Aldenir/Agora RN

No ano passado, a Fecomércio aplicou, na Zona Norte, especificamente no bairro de Pajuçara, o Ecossistema de Competitividade e Inovação em Comércio e Serviços (ECICS), e realizou um levantamento do comportamento dos consumidores e empreendedores. O Instituto Fecomércio RN apurou que 79,6% dos consumidores de produtos e serviços do Pajuçara são do próprio bairro. Além da maioria preferir comprar sem sair de lá, mais de 54% deles afirmaram achar de tudo nas lojas da região – o que dispensa uma visita ao centro, por exemplo.

“Esse levantamento foi uma das várias ações da Fecomércio RN, junto ao Sesc e ao Senac, através do ECICS. O objetivo desse projeto é impulsionar os negócios de bairro em bairro, oferecendo todo o suporte necessário aos empreendedores locais, já que os desafios de um mercado que atua na Redinha ou em Lagoa Azul podem ser completamente diferentes dos enfrentados por um estabelecimento situado nos bairros do Alecrim ou Cidade Alta. Além disso, por meio de nossas Unidades do Sesc e do Senac na região, temos promovido ações de capacitação, incentivo ao empreendedorismo, bem como atuado com foco na qualidade de vida e bem estar dos comerciários”, pontuou Marcelo Queiroz.

Moradores da Zona Norte deixam de se deslocar para fazer compras no comércio local

O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) atua de forma direta na Zona Norte desde 2021, ano em que foi aberta a Loja do Empreendedor no Partage Norte Shopping em parceria com a Prefeitura do Natal. Everton Lucena, gestor da Loja da Zona Norte, acredita que o consumidor local está cada vez mais bairrista.

“Houve um crescimento exponencial do comércio na Zona Norte. As pessoas consomem mais na vizinhança, porque há negócios novos que atendem a necessidade do público na região. As pessoas comentam que não vão mais ao Alecrim, por exemplo, porque na Pompéia tem tudo. As pessoas não querem sair para consumir em outro lugar. As pessoas são mais bairristas”, argumentou.

Além da Zona Norte, o mercado de São Gonçalo do Amarante e Extremoz está bastante aquecido. “O crescimento se deve ao fato das pessoas estarem mais atentas ao consumo localizado, as pessoas querem desenvolver a própria região e se deslocam menos, principalmente depois das obras [na Ponte de Igapó e Av. Felizardo Moura]”, explicou Everton.

Dados sobre pequenas empresas foram disponibilizados pelo Sebrae-RN
Dados sobre pequenas empresas foram disponibilizados pelo Sebrae-RN

Somente na Zona Norte de Natal, há atualmente 23.219 empresas inscritas no Simples Nacional – regime que reúne o pagamento de tributos em uma única alíquota para empresas que faturam até R$ 4,8 milhões por ano. Destas, 5.131 receberam atendimento do Sebrae, representando uma taxa de cobertura de 22%.

Na Loja do Empreendedor, há atendimento para quem quer abrir uma empresa e para empresas que já existem. O atendimento conta também com o CrediAmigo, Correios e Banco do Nordeste, entre outros. Já a atuação de campo acontece através de visitas às empresas, através do projeto Sebrae na Sua Empresa, além de capacitações e eventos, como a Feira do Empreendedor.

(*Supervisão de Nathallya Macedo)

AgoraRN

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