Arleide Ótica topo
Categorias
Pesquisar

Onda de calor: número de dias quentes aumentou 642% em 60 anos no Brasil

Onda de calor tem afetado cidades por todo o Brasil. Foto: Cris Faga/Estadão Conteúdo.
Onda de calor tem afetado cidades por todo o Brasil. Foto: Cris Faga/Estadão Conteúdo.

O número de dias com ocorrência de ondas de calor aumentou 642% nos últimos 60 anos no Brasil, como revela uma pesquisa conduzida pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O estudo, solicitado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), visa compreender as mudanças climáticas no país, abordando tendências em eventos meteorológicos como chuvas, calor e umidade. Os cálculos abrangem o período de 1961 a 2020 para todo o território brasileiro.

Utilizando o intervalo de 1961 a 1990 como referência, os pesquisadores realizaram análises segmentadas para os períodos de 1991-2000, 2001-2010 e 2011-2020. Os resultados apontam um incremento gradual nas ocorrências de ondas de calor em praticamente todo o Brasil ao longo dos períodos estudados.

Durante o período de referência, o número de dias com temperaturas acima da média não excedia sete. Entre 1991 e 2000, esse número subiu para 20 dias. No intervalo de 2001-2010, atingiu 40 dias, e de 2011 a 2020, o número de dias com ondas de calor alcançou 52 dias. Define-se onda de calor como um mínimo de 6 dias consecutivos em que a temperatura máxima ultrapassa um limiar de pelo menos 10% do considerado extremo em relação ao período de referência.

Entre 1991 e 2000, as temperaturas máximas acima da média não ultrapassavam 1,5°C. Contudo, atingiram 3°C em algumas áreas durante o período de 2011 a 2020, especialmente na região Nordeste.

No período de referência, a média da temperatura máxima no Nordeste era de 30,7°C, aumentando gradualmente para 31,2°C entre 1991 e 2000, 31,6°C entre 2001 e 2010, e 32,2°C entre 2011 e 2020.

Segundo Osvaldo Moraes, diretor do Departamento para o Clima e Sustentabilidade do MCTI, esses dados são uma fonte confiável para compreender as mudanças climáticas na vida cotidiana da sociedade e fornecem suporte à tomada de decisões.

O estudo também observa uma variação inversa do acumulado de chuvas nas regiões Nordeste e Sul entre 2011 e 2020. Enquanto houve uma redução na taxa média de precipitação, variando entre –10% e –40% do Nordeste até o Sudeste e na região central do Brasil, foi registrado um aumento entre 10% e 30% na área abrangendo os estados da região Sul e parte de São Paulo e Mato Grosso do Sul.

Outro aspecto destacado pela pesquisa é a constatação de que a região Sul tem sido a mais impactada pelas chuvas extremas nas últimas décadas. No período de referência, a precipitação máxima em cinco dias era de cerca de 140 mm, um número que aumentou para uma média de 160 mm.

Os pesquisadores concluem que o clima está em processo de mudança, afetando o Brasil de diversas maneiras. Aumento de temperatura em algumas regiões, aumento da precipitação ou ocorrência de secas são observados, e as transformações já evidenciam um impacto nas décadas passadas, que tendem a se agravar proporcionalmente ao aquecimento global, de acordo com Lincoln Alves, pesquisador do Inpe e coordenador do estudo.

*Com informações da CNN Brasil.

AgoraRN

Banner GOV 2
Pesquisar
Categorias
WhatsApp
Canal YouTube