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Quebrando quatro décadas de tradição, Brasil envia chanceler à Argentina

Javier Milei, presidente da Argentina. Foto: Reprodução
Javier Milei, presidente da Argentina. Foto: Reprodução

A posse do novo presidente da Argentina, Javier Milei, representa uma mudança significativa nas relações diplomáticas entre Brasil e Argentina. Pela primeira vez em quarenta anos, o Brasil não enviará seu presidente ou vice-presidente para a cerimônia de posse em Buenos Aires. Essa decisão marca um desvio da prática estabelecida desde a redemocratização dos dois países nos anos 1980. A última ocasião em que um presidente ou vice-presidente brasileiro não compareceu a uma posse presidencial argentina foi em 1983, durante a posse de Raúl Alfonsín.

Milei, conhecido por suas visões ultraliberais e críticas a acordos e instituições importantes para o Brasil, como o Mercosul, tomou uma postura hostil em relação ao presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, chamando-o de “corrupto” e “comunista” durante sua campanha. Após a eleição, Milei suavizou sua retórica e enviou sua futura chanceler, Diana Mondino, a Brasília com um convite para Lula. No entanto, Lula optou por enviar o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, como representante, devido ao clima ainda considerado hostil e à presença de seu antecessor e rival político, Jair Bolsonaro, na cerimônia.

A escolha de enviar Mauro Vieira reflete o desejo do governo brasileiro de manter uma relação pragmática com a nova administração argentina, apesar das tensões. Tradicionalmente, a presença de um chefe de Estado ou vice em posses internacionais simboliza a importância da relação entre os países. O envio de chanceleres é também um sinal de deferência, embora em menor grau do que o envio de líderes nacionais. A alternativa de designar o embaixador brasileiro na Argentina foi considerada, indicando uma distância maior nas relações bilaterais, mas não foi a escolha final.

Esta situação contrasta com a reação do então presidente Bolsonaro à eleição de Alberto Fernández em 2019. Bolsonaro expressou claramente sua insatisfação com a vitória de Fernández, que havia visitado Lula na prisão, e optou por não participar da cerimônia de posse do líder peronista.

AgoraRN

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