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Alface cultivado no espaço pode representar riscos para astronautas, diz estudo

Estudos sugerem que alface cultivado no espaço pode ser mais propício a contaminação por bactérias. Foto: Евгения Матвеец/GettyImages
Estudos sugerem que alface cultivado no espaço pode ser mais propício a contaminação por bactérias. Foto: Евгения Матвеец/GettyImages

Vegetais e folhas devem fazer parte de uma alimentação saudável e equilibrada, inclusive para os astronautas em missão espacial. Por isso, há mais de três anos, a Nasa inclui alface cultivado no espaço no cardápio dos profissionais a bordo da Estação Espacial Internacional.

No entanto, estudos como os publicados na Scientific Reports e na npj Microgravity sugerem que a alface cultivada no espaço pode estar mais propenso a ser infectado por bactérias como a Salmonella.

Pesquisadores da Universidade de Delaware cultivaram alface em condições que imitavam um ambiente sem gravidade, como na Estação Espacial Internacional. De acordo com os cientistas, os estômatos, minúsculos poros presentes nas folhas de alface, se abriram mais quando entraram em contato com bactérias, ao invés de se fecharem.

Isso é preocupante pois a Estação Espacial Internacional é um ambiente rico em bactérias e fungos que podem trazer danos à saúde dos astronautas, como a E. coli e a Salmonella, que causam doenças como infecções urinárias, colite hemorrágica e febre tifoide.

“O fato de os poros permanecerem abertos quando lhes apresentamos o que parecia ser um agente estressor [a bactéria] foi realmente inesperado”, afirma Noah Totsline, autor principal de ambos os estudos.

Como o estudo foi feito?

Para realizar os estudos, os pesquisadores usaram um dispositivo chamado clinostato para girar os alfaces em uma centrífuga e fazer com que eles perdessem a resposta à gravidade, simulando um ambiente de microgravidade. Em seguida, adicionaram uma bactéria auxiliar chamada B. subtilis UD1022 para testar a aptidão das folhas contra patógenos.

Essa bactéria ajudaria a proteger os alfaces contra agentes infecciosos como a Salmonella. Porém, os pesquisadores descobriram que a UD1022 não foi capaz de proteger as folhas em condições semelhantes às do espaço. Segundo os autores, isso seria resultado da incapacidade da bactéria de desencadear uma resposta bioquímica que forçaria a planta a fechar seus estômatos.

“A falha do UD1022 em fechar os estômatos sob microgravidade simulada é, ao mesmo tempo, surpreendente e interessante”, disse Harsh Bais, professor de biologia vegetal e co-autor dos estudos. “Suspeito que a capacidade do UD1022 de negar o fechamento dos estômatos sob simulação de microgravidade pode sobrecarregar a planta e torná-la incapaz de se comunicar com a bactéria auxiliar, ajudando a Salmonella a invadir uma planta”, completa.

Esses resultados são preocupantes pois indicam um risco de os astronautas serem infectados ao consumirem alfaces cultivados no espaço durante missões espaciais. Por ser um ambiente restrito e onde cerca de sete pessoas vivem em conjunto, segundo a Nasa, infecções por germes podem causar grandes danos.

“Precisamos estar preparados e reduzir os riscos no espaço para aqueles que vivem agora na Estação Espacial Internacional e para aqueles que poderão viver lá no futuro”, afirma Kali Kniel, professor de segurança alimentar microbiana do Departamento de Ciências Vegetais e do Solo da Universidade de Delaware, e também co-autor das pesquisas.

AgoraRN

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