Pelo menos sete pessoas sofreram ataques de piranhas durante o mês de janeiro no interior do Rio Grande do Norte. Todas as ocorrências foram registradas no Rio Açu. No município de Pendências, que fica a cerca de 200 km da capital do estado, foram registrados seis casos, enquanto o outro ataque aconteceu na cidade de Assú, a 210 km de Natal.

Segundo Wallace Nascimento, professor do departamento de Oceanografia e Limnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), é comum encontrar estes peixes em rios de municípios do interior, pois são nativos da região. A principal espécie encontrada no Estado é a Pirambeba, do gênero Serrasalmus.

Além do RN, ataques de piranhas foram registrados nos últimos anos em vários estados. Há registros em Alagoas, Tocantins e São Paulo, por exemplo, e geralmente estão relacionados a Pirambeba, conforme o professor. As piranhas são carnívoras e habitam rios da América do Sul. Esses peixes, caracterizados por uma forte mordida, são conhecidos pelo comportamento agressivo.

“Os incidentes ocorrem geralmente nos períodos mais quentes do ano, que são os meses que as Pirambebas entram em reprodução. Estes peixes desovam nas Macrófitas [plantas aquáticas] nas áreas mais rasas. Quando a população entra na água, próximo aos ovos, podem ocorrer as mordidas. Outra possível causa é o desequilíbrio ecológico”, explicou Nascimento.

Para o professor, o impacto ambiental dos ataques de piranhas na região vai além das mudanças climáticas que deixam as regiões mais quentes. As ações humanas também podem favorecer a diminuição das espécies que servem de alimento para as piranhas. “Nesses meses mais quentes, o melhor a fazer é evitar nadar nestas áreas, principalmente próximas à vegetação. Estes incidentes se tornam mais recorrentes sempre nesses períodos de verão”, reforçou.

ATAQUES DE PIRANHAS NO RN. Na cidade de Pendências, no Oeste potiguar, foram registrados pelo menos seis ataques de Piranhas, desde o dia 20 de janeiro, no Rio Açu, de acordo com relatos da população e registros da secretaria do município. Nas proximidades da comunidade Baviera, no mesmo rio, a prefeitura de Assú também confirmou que recebeu o relato de um caso que aconteceu no dia 9 de janeiro. As duas cidades ficam a cerca de 50 km de distância.

Em Assú, a vítima do ataque foi a professora Lurdimar Vitor de Amorim, que relatou frequentar o local há muitos anos. A mulher afirmou que foi convidada por amigas para fazer um piquenique, na ocasião. No momento do ataque, ela estava na água junto com uma criança, filho de uma amiga. O caso aconteceu no fim da tarde, por volta das 17h40.

Os ataques de piranhas registrados no Rio Açu no mês de janeiro têm sido motivo de preocupação e alerta das prefeituras dos municípios. Tanto a de Pendências quanto a de Assu emitiram um comunicado de alerta à população sobre os ataques de piranhas, solicitando que os frequentadores, por medidas de segurança, evitem banhos no local.

“Pedimos aos moradores e visitantes que evitem o devido espaço do rio, por medidas de segurança. A Secretaria de Meio Ambiente já deu início às medidas cabíveis para o cuidado e proteção de todos”, disse a prefeitura de Pendências em nota.

Em Pendências, a secretaria de Meio Ambiente registrou outros 18 casos em 2023 e acredita que os ataques podem estar relacionados a um desequilíbrio ambiental, especialmente em áreas de banho que concentram muitas pessoas.

A reportagem tentou contato com as secretarias de Meio Ambiente dos dois municípios para saber se foi feita uma análise do que aconteceu nos últimos dias e se há a possibilidade de interditar o trecho onde as novas ocorrências foram registradas. Até o fechamento desta reportagem nenhum dos órgãos dos dois municípios respondeu.